domingo, 8 de abril de 2012

Análise Crítica: Teoria de Piaget

"A Teoria de Piaget e sua contribuição para o ensino"                 
Daniela Bueno Gomes de Melo RA: 119283          
           
            Desde pequeno, Jean Piaget (1896-1980) já se interessava pelas ciências. Seu interesse abrangia o campo da religião, da filosofia, da biologia e da sociologia e mais tarde o campo da psicologia, no qual, possui participação fundamental por contribuir na área da educação. Quando entrou para o ramo da psicologia no início do século XIX, Piaget passou a investigar as estruturas e a gênese do conhecimento, desenvolvendo a teoria da Epistemologia Genética. Um estudo, portanto, da construção do conhecimento e da inteligência humana, dos estados simples até o mais complexo, no qual, pode ser considerado muito importante para as implicações educacionais nas escolas, principalmente para o nível infantil, pois entendendo como o desenvolvimento se dá é possível se adaptar às práticas mais adequadas para promover a educação. 
         Piaget não concordava com as teorias que estavam em vigor: o apriorismo, que coloca a inteligência como algo pronto dentro do sujeito e com o empirismo, onde o conhecimento se encontra no meio em que o sujeito vive, ou seja, fora do mesmo. A partir disso, ele cria o paradigma interacionista, que apresenta o conhecimento entre o sujeito e o meio, no qual, o sujeito precisa agir com o meio para desenvolver a inteligência. Tal visão interacionista pode explicar de maneira convincente o porquê das crianças desenvolverem o conhecimento de formas distintas, já que as mesmas interagem com tipos diferentes de meio, de acordo com o ambiente escolar, familiar e cultural. Um exemplo disso seria uma criança com uma condição financeira melhor, que tem acesso a brinquedos e jogos que estimulam sua aprendizagem, portanto obteria um conhecimento mais rápido se comparada a uma criança que vive em condições precárias e por isso, não tem acesso a esses meios de interação.     
            Para desenvolver o conhecimento, segundo Piaget, o ser humano percorre por quatro estágios, sendo que todos passam por esses e ninguém os pula, no máximo, há aceleração das fases. O interessante da teoria de Piaget é que ele usou a experimentação para defini-la e não apenas descreveu os processos, nesse caso, para organizar os estágios, ele observou seus próprios filhos e realizou um estudo detalhado. Tais estágios são classificados abaixo de forma sucinta: (MOREIRA, 1995):
1º Estágio - Sensório motor (0 a 2 anos): A criança é considerada como egocêntrica, pois acredita que tudo existe em função dela, não conseguindo diferenciar o seu eu dos objetos, além disso, ela vai percebendo o mundo através de seus reflexos e imita atitudes adultas
2º Estágio - Pré-operacional (2 a 7 anos): A criança ainda se encontra egocêntrica, pois ela tenta explicar as situações através de suas experiências. Seu pensamento está mais organizado em virtude da linguagem, mas não é reversível.      
3º Estágio - Operacional Concreto (7 a 12 anos):    Há uma descentralização do egocentrismo e a criança é capaz de ter pensamentos reversíveis, mas ainda não utiliza hipóteses para raciocinar e sim, acontecimentos e objetos concretos do momento. 
4º Estágio - Operatório formal (12 anos em diante) “O adolescente torna-se capaz de fazer raciocínios hipotético-dedutivos. [...] ele passa a buscar hipóteses gerais que possam explicar fatos observáveis que tenham ocorrido.” (MOREIRA, 1995). Além disso, manifesta um tipo de egocentrismo, pois acredita estar sempre certo em suas opiniões, atribuindo grande poder ao seu pensamento, como cita Moreira.
            Os conceitos que Piaget utiliza nas definições dos estágios, como o egocentrismo, são relevantes para a compreensão das atitudes das crianças e dos adolescentes no seu crescimento, pois ajuda os educadores e até mesmos os pais a tomarem uma iniciativa que tente fazer o indivíduo aprender algo sem precisar usar a violência ou o autoritarismo. Um adolescente, por exemplo, que está muito revoltado, querendo fazer somente a sua vontade pode ser tratado com um pouco mais de paciência para educá-lo, já que essa situação de rebeldia faz parte de sua natureza.           
            No entanto, mesmo os conceitos sendo bons para o ensino, separar os estágios de desenvolvimento por faixas etárias não pode ser considerado muito válido para educação, pois muitas crianças podem ter características pertencentes a outro estágio que não corresponde ao seu, ou até mesmo, nem desenvolver tais características do mesmo. Piaget acredita que não se “pula estágios”, contudo, com tantas tecnologias e informações vindas de maneira constante na vida das crianças atualmente, é possível que elas pensem ou pronunciem coisas de um estágio mais avançado, não seguindo a proposta de Jean Piaget. O próprio Piaget, aos dez anos de idade, já tinha uma capacidade de pensar sobre a ciência superior ao seu estágio, por exemplo.      
            Piaget utiliza a afetividade para explicar o desenvolvimento da criança na aprendizagem e no seu desenvolvimento moral, e isso contribuiu muito para a educação.  O surgimento da moralidade na criança começa com os pais, pois ela os respeita pelo amor e temor que sentem por eles, havendo um respeito unilateral. Em seguida, a criança e o adolescente passam a entender os princípios e o porquê de seguir as regras morais, então surge a cooperação e o respeito mútuo, segundo Piaget. Porém, a criança não pode compreender tais valores por si só, é necessário que seus educadores expliquem para ela o porquê daquela regra está sendo imposta e a sua importância, desde cedo, conquistando a sua confiança.
            A afetividade no desenvolvimento da inteligência também é de extrema importância e um conceito que auxilia bastante para o ensino escolar. Através da afetividade é possível descobrir as necessidades dos alunos e, portanto, despertar o interesse para aprendizagem a partir do que eles estão precisando. Um exemplo desse conceito piagetiano aparece no filme “Escritores da Liberdade”, onde os alunos só se interessaram em aprender quando a professora passou ensinar coisas que tinham respeito ao problema que eles enfrentavam pela rivalidade das gangues.           
            Ao longo da análise da teoria piagetiana, percebe-se que em muitos aspectos seus conceitos tem muita importância e podem ser utilizados no processo educacional, porém as divisões em etapas de desenvolvimento que generalizam os indivíduos devem ser repensadas, pois é necessário reconhecer que cada um evolui de diferentes maneiras, não possuindo uma ordem fixa.   

Referências Bibliográficas               Piaget, J. Seis Estudos de Psicologia; tradução Maria Alice Magalhães D’ Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
            Moreira, M. A. Monografia nº6 da Série Enfoque Teóricos. Porto Alegre, Instituto de física da UFRGS. Originalmente divulgada, em 1980, na série “Melhorias do Ensino”, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Ensino Superior (PADES) /UFRGS, Nº14. Publicada, em 1985, no livro “Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos”, São Paulo, Editora Moraes, p.49-50, Revistada em 1995.          

            Piaget, J. A Epistemologia genética; Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética. Traduções de Nathanael C. Caixeiro, Zilda Abujamara Daeir, Celia E. A. Di Piero. 2ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
            Lagravenese, R. ESCRITORES DA LIBERDADE. [Filme-Vídeo] Direção: Richard Lagravenese. Produção: Richard Lagravenese. Roteiro: Richard Lavagranese, Erin Gruwell, Freedom Writers. Elenco: Hillary Swank; Patrick Dempsey; Scott Glenn, Imelda Staunton; April Lee Hernandez; Kristin Herrera; Jacklyn Ngan; Sergio Montalvo; Jason Finn; Deance Wyatt. EUA/Alemanha, 2007. Duração: 123 min. Gênero: Drama.

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