domingo, 15 de abril de 2012

Análise crítica da teoria de Piaget


Teoria Piagetiana como contribuição à educação
Josiane de Cássia Matias dos Santos - RA: 119652.

Jean Piaget (1896- 1980) desde criança se interessou por ciências, percorreu o campo da biologia, da sociologia, da filosofia e, mais tarde, com a contribuição da biologia alterou a psicologia existente na época. Piaget realizou um estudo experimental do desenvolvimento da inteligência observando desde o nascimento da criança até a adolescência. Assim, criou a Epistemologia Genética com o objetivo de desvendar através da experimentação os processos fundamentais de formação do conhecimento na criança.
Sendo assim, o desenvolvimento da inteligência é a principal questão abordada por Piaget, pois seu foco era descobrir como é que o sujeito desenvolve uma inteligência lógica. Diante disso, ele apresentou uma visão interacionista, com intuito de demonstrar o sujeito desde a infância até a fase adulta interagindo com o meio e entender os mecanismos mentais envolvidos em cada etapa da vida. Interagindo com o meio, o sujeito é capaz de aprender. E, é através dessa interação com o mundo que o sujeito recebe influência em seu desenvolvimento intelectual e aprendizagem. De fato, a cultura em que o indivíduo está inserido, suas oportunidades de vida e suas condições sociais têm papel fundamental em seu desenvolvimento e, todas essas, explicam o porquê dos sujeitos de mesma idade poder estar em estágios de inteligências diferentes, ideia contrária a de Piaget.
Além do mais, Jean Piaget divide em quatro períodos o desenvolvimento mental, em virtude da observância de que o sujeito age de diversas maneiras nas diferentes idades. Deste modo, considera que a criança por meio do seu amadurecimento físico e psicológico constrói sua inteligência.
Segundo a concepção de Piaget apresentada por Moreira (1995), o período sensório motor compreende o período após o nascimento até os dois anos de idade. Neste período a criança apresenta comportamentos reflexos, como sucção, preensão e choro. Bem como evidencia um egocentrismo total, ou seja, a criança pensa apenas nela, como se fosse o centro do universo e acredita que tudo existe em função dela. Nota-se que é nesse período, especialmente, que Piaget confirma sua afirmação de que a linguagem é posterior à inteligência.
O próximo período é o pré-operacional que vai dos dois aos seis, sete anos. Neste período a criança já utiliza da linguagem, símbolos e imagens, porém seu pensamento ainda não é reversível (não compreende que se A é igual a B, B é igual a A). Desta forma, a alegação de Piaget que diz que é nesta fase que a criança através de seu animismo atribui vida aos objetos é válida, pois como é nessa fase que ela começa a ter contato com esses recursos de comunicação é pertinente que os explore. O período seguinte é o operacional concreto, este período abrange dos sete, oito anos até cerca dos onze, doze anos. A partir deste, a criança tem pensamento reversível, verifica-se também que a criança não tem mais o egocentrismo que tinha antes, mas ainda necessita do campo perceptível para a realização dos agrupamentos lógicos. O quarto período, o operatório formal, inicia-se aos onze anos e estende-se até a vida adulta. Este período é marcado pela capacidade que o sujeito tem de raciocinar apenas com hipóteses verbais e não somente com objetos concretos. Todavia, na adolescência o individuo atribui muito poder a si próprio e, assim, manifesta novamente um egocentrismo. No entanto, Piaget considera que todas as crianças passam por todos os períodos, não sendo possível chegar a um período sem passar por seu anterior. Contudo, sabemos que o desenvolvimento da criança é muito influenciado pelo ambiente em que vive e pelos estímulos recebidos; assim sendo, não é possível balizar esquematicamente toda a fase de desenvolvimento da própria, mas sim prever. Por exemplo, pode ser que determinada criança consiga atingir completo desenvolvimento sem passar por determinado período gradualmente.
Na análise do desenvolvimento moral através da afetividade, Piaget afirma que a primeira moral da criança é a da obediência e provém da vontade dos pais, o chamado respeito unilateral. Certamente, esta razão é lógica, pois são os responsáveis pela criança que passarão os valores normativos até a criança não conseguir discernir o certo do errado. Nesta fase, as crianças agirão por amor ou temor. Contudo, à medida que a criança for crescendo o respeito dela passará de unilateral para mútuo, ou seja, a criança desenvolverá uma relação de cooperação, havendo o respeito mútuo, com confiança. No campo educacional é necessário que haja a relação unilateral entre professores e alunos para que também a aprendizagem e todas as demais relações sejam flexíveis.
Portanto, a teoria piagetiana é importante visto que trata da construção da inteligência humana e a partir dela é possível entender como se dá o desenvolvimento do conhecimento. Assim, analisando a teoria de Piaget, a partir desse breve estudo de sua obra, é evidente que cabe aos educadores selecionarem, aplicarem e até mesmo adaptarem os fundamentos da teoria piagetiana que julgarem propícios e adequados para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças de hoje, levando em consideração as transformações que ocorreram no mundo e as perspectivas que não puderam ser analisadas por Piaget. Mas algo incontestável é a necessidade  de levar em consideração a importância de deixar o aluno agir sobre seus trabalhos para que ocorra uma aprendizagem efetiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS                     
PIAGET, J. A epistemologia genética/ Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética; Jean Piaget; traduções de Nathanael C. Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Celia E. A. Di Piero. – 2. ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1983. (p. 7-15).
RAPPAPORT, C. R; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1981. (cap. 3 – Modelo paigetiano, p. 51-75).
MOREIRA, M. A. Monografia nº6 da Série Enfoque Teóricos. Porto Alegre, Instituto de física da UFRGS. Originalmente divulgada, em 1980, na série “Melhoria do Ensino”, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior (PADES) /UFRGS, Nº14. Publicada, em 1985, no livro “Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos”, São Paulo, Editora Moraes, p.49-50, Revistada em 1995.
_____________. Seis estudos de Psicologia. 25ª Ed. RJ: Forense Universitária, 2011.

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