sábado, 14 de abril de 2012

Análise crítica da teoria Piagetiana


Análise crítica da teoria Piagetiana
Angela Cristina Gomes RA 119105

Jean Piaget, formado em biologia e, mais tarde, especializando-se nas áreas de psicologia e filosofia, teve muita influência no ramo da educação, contribuindo com seus estudos e pesquisas tendo como objetivo descobrir a origem do conhecimento. Assim, Piaget criou um paradigma interacionista/construtivista e sua teoria é chamada de Epistemologia Genética, a qual diz que o conhecimento/inteligência é dado através da interação do sujeito com o meio.
De acordo com Macedo, Piaget define a própria teoria de epistemologia genética como o “estudo da passagem dos estados inferiores do conhecimento aos estados mais complexos ou rigorosos” (Macedo, pág 8, 1978)1. Dessa maneira, Piaget dividiu a construção do conhecimento em estágios, que vão desde a infância até a adolescência e são marcados por características que surgem no sujeito e que podem, muitas vezes, surgir em idades diferentes quando comparamos um grupo de indivíduos com a mesma idade. Sendo assim, é possível afirmar que se, segundo Piaget, a inteligência é consequência da interação do indivíduo com o meio, é comum alguns indivíduos desenvolverem o conhecimento de forma mais rápida, já que muitos podem se relacionar com o meio de forma mais intensa do que outros.
Em sua teoria, vemos também os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração, os quais ele usa para explicar como ocorre o desenvolvimento da inteligência. Se tratando de assimilação, Piaget afirma que é necessário que ocorra certos desequilíbrios no sujeito, e são esses desequilibrios que fazem com que o indivíduo busque e assimile novas informações, quando este termina de assimilar ele passa para um estágio de equilíbrio, no qual ocorre a acomodação, ou seja, há uma modificação do sistema mental, sendo necessário que haja novos desequilibrios para a busca de mais informações e, assim, o ganho de novos conhecimentos. Baseando-se nesses conceitos, pode-se afirmar que o educador deve causar esses desequilíbrios nos alunos, não de forma exagerada, mas de maneira que os façam interagir em busca do conhecimento. Além disso, o professor não deve dar ao aluno respostas prontas, mas os ajudarem a pensar, interagindo com eles.
Os objetivos centrais de Piaget não estavam ligados à aprendizagem, mas, como dito no início, à construção da inteligência. Ele estuda a aprendizagem pois esta é uma consequência do desenvolvimento, como dito por Moreira: “só há aprendizagem (aumento de conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação” (Moreira, pág 102, 1995)2. Ou seja, a aprendizagem se dá através do desenvolvimento, o qual ocorre através do desequilíbrio, conforme dito por Rappaport et al  “o desenvolvimento é um processo que busca atingir formas de equilíbrios cada vez melhores” (Rappaport et al, pág 62, 1981)3. Sendo assim, pode-se ressaltar mais uma vez a importância que o educador tem para causar esses desequilíbrios, lembrando que Piaget focava o desenvolvimento no sujeito, é algo que ele precisa buscar,  interagindo-se com o meio.
Em relação ao pensamento e a linguagem, Piaget acreditava que a linguagem é importante e com ela o pensamento sofre mudanças significantes. Todavia, o pensamento surge antes da linguagem, ele nasce com o indivíduo, mas de forma desorganizada. Piaget e Inhelder afirmam que: “a linguagem desempenha papel particularmente importante, pois, [...], a linguagem já está toda elaborada socialmente e contém de antemão [...] um conjunto de instrumentos cognitivos ([...]) a serviço do pensamento” (Piaget; Inhelder, pág 80, 2011)4,. Nesse ponto, nota-se a importancia dos estágios ditos por Piaget, pois segundo ele a linguagem surge em torno de 2 a 7 anos, no período pré-operatório, já em relação ao pensamento, é possível ver indícios deste no período de 0 a 2 anos, chamado de sensório motor, em que o pensamento infantil é marcado pelo egocentrismo da criança, influênciando a forma em que ela se relaciona com o mundo. 
Ao estudar a teoria piagetiana, nos deparamos também com o chamado Juízo Moral, este está relacionado com a afetividade. Piaget, em suas pesquisas, notou que na infância é comum as crianças terem o chamado juízo unilateral, ou seja, a moral delas é dita apenas pelas normas e regras impostas pelos adultos. Mas, ao atingir certa idade, o juízo delas passa de unilateral para mútuo. Isto ocorre devido à afetividade. No campo da educação isso se torna importante, pois é possível compreender que um professor bom não é aquele autoritário, que impõe regras na sala de aula e somente ele está certo, mas sim aquele que cria uma afetividade com os alunos, mostrando para eles o porque de certas regras e abrindo espaço para que estes participem na aula.
Enfim, mesmo Piaget não tendo focado suas pesquisas para a aprendizagem, a sua teoria é de grande importância para a educação. Mas, é necessário que se leve em conta que a sociedade em que ele viveu foi diferente da que nós vivemos, pois atualmente a tecnologia influência de grande maneira na educação, podendo fazer com que as crianças passem de estágios de forma mais rápida do que na época de Piaget.

Referências

<!--[if !supportLists]-->1.      <!--[endif]-->MACEDO, R.M.S. Piaget: vida e obra. In: Piaget. SP: Cultura Industrial. 1978. (pág 8). (Coleção Os Pensadores)
<!--[if !supportLists]-->2.      <!--[endif]-->MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e Aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes. 1995. (pág 102)
<!--[if !supportLists]-->3.      <!--[endif]-->RAPPAPORT, C. R.; FIORI, V. R.; DAVIS, C. Teorias do desenvolvimento: conceitos fundamentais. In : Psicologia do desenvolvimento. SP: EPU. 1981 (pág 102)
<!--[if !supportLists]-->4.      <!--[endif]-->PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da criança. 5ª Ed. RJ: Difel, 2011 (pág 80)



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