segunda-feira, 16 de abril de 2012

Analise Critica da Teoria de Piaget


Vinícius Doná Fernandes Pessoa RA: 084198

Para começarmos a entender a teoria Piagetiana é preciso, em um primeiro momento, considerar o interesse e a contextualização histórica na qual Piaget emergiu e o que motivou o estudo do conhecimento.  Para isso, Matus nos remete à influencia da física relativista e mecânica-quantica da qual Piaget estava exposto atrelado ao seu interesse pela ciência. Esses fatores foram determinantes para o tratamento de sua teoria onde propôs a união reflexiva dessas disciplinas exatas com o campo da psicologia trazendo assim o conceito de epistemologia genética. Penso que a partir do momento que Piaget tentou unir tais conceitos (psicológicos e derivados das ciências exatas), ele passou a criar uma nova visão a cerca do pensamento, visto que se apoiou em uma para explicar a outra.
Tal informação ainda pode ser vista na maneira como o estudo foi conduzido, a partir  do método clinico no qual, segundo Matus, ocorreu a partir da observação direta, entrevista aberta e experimentação com crianças, fazendo não só com que estas respondessem suas indagações, como também justificassem sua respostas para que o dialogo e o cruzamento de informações entre o observado e o real pudesse ser feito. Isso acaba nos remetendo ao conceito teórico presente na obra de Piaget a cerca da lógica-matemática de pensamento e a construção do conhecimento a partir de sua organização, estruturação e explicação que podem ser observadas a partir do método clinico. É importante salientar também que a ação e interação da criança com o meio está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento do conhecimento.
Piaget centra basicamente o desenvolvimento do conhecimento e da inteligência no próprio sujeito, no qual o meio em que está inserido não influencia em praticamente nada em relação ao que pode tornar a ser. Aqui cabe a reflexão sobre até que ponto tal pensamento pode ocorrer realmente. Partindo do pressuposto que todo sujeito é cultural e social, este invariavelmente passa a sofrer influencias do meio no qual está inserido, não necessariamente precisando interagir com ele para que o processo de adaptação (assimilação + acomodação) possa ocorrer. Em contra partida, Piaget admite que o objeto de conhecimento é o meio e que é necessário que o sujeito seja capaz de assimilar (obter significação de estruturas) para que consiga criar estruturas que posteriormente possam ser incorporadas (acomodação) e reestruturadas novamente caso algo novo passa a ser aprendido. Isto pode também ser visto na construção de esquemas motores que será importante para o desenvolvimento da coordenação geral da criança trazendo outros benefícios.
            Outro ponto que considero essencial na teoria de Piaget é a divisão do desenvolvimento da inteligência das crianças em estágios. Estes pressupõe que a inteligência não da saltos, mas sim ocorre um aumento na qualidade e apresenta uma sequencia, que pode ser acelerada ou retardada, mas que sempre se mantém. Para a educação, ao conhecermos tais estágios podemos nos basear para a preparação do conhecimento mesmo em nossa área que não apresenta o “certo ou errado” mas sim algo que esperado para a idade ou até mesmo faixas de desenvolvimento ideais para determinadas capacidades.
            O primeiro estágio ao qual Piaget faz referencia é o sensório-motor que está na faixa de 0 a 2 anos. Nele Piaget nos mostra que a inteligência é algo que surge antes mesmo da linguagem pois a criança, de uma maneira própria, constrói seu universo. Aqui também é importante ressaltar que tal desenvolvimento ocorre basicamente através de suas ações e interações com os objetos que para Piaget tem um caráter permanente (só existe enquanto possam ver). O estágio pré-operatório se apresenta em seguida e mostra como características a imitação como forma de aprendizado, o aparecimento da linguagem que permite a socialização da inteligência e o surgimento da moralidade. Para Piaget a moralidade esta ligada a aquisição de valores, regras e virtude pelas crianças que ocorre nessa fase fazendo que passe de um estágio chamado de anomia para a heteronomia (obediência). Por fim o estágio Operatório onde a principal característica é a capacidade de tornar reversível determinada situação, fato que ocorre em pensamento de forma abstrata. Ainda nesse estágio, Piaget a subdivide em operatório concreto onde a criança (7 ou 8 anos) passa a criar uma “memória” de objetos e situações de que já viveu e utiliza-0 para explicar algo. Já no período chamado de operatório formal a ênfase está na aquisição da capacidade se trabalhar com hipóteses.

Referencias Bibliográficas:
MATOS, H.A.V. Sobre a teoria piagetiana. Mímeo. 1998.
MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes, 1995. (p. 49-59).
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 5ª. Ed. RJ: Difel, 2011.

Analíse Crítica da Teoria Piagetiana - Mayara Rosa


Análise crítica da Teoria Piagetiana
Por Mayara Bonifácio Rosa
RA 118151
Jean Piaget era formado em Biologia e seu pensamento científico embasou pesquisas sobre o comportamento psicológico e social humano. Sua teoria sobre o desenvolvimento do conhecimento humano é tão brilhante que serve de base para a educação básica até os dias atuais.
Através da Epistemologia Genética divide-se o desenvolvimento do conhecimento e da inteligência humana em quatro estágios – Sensório-Motor, Pré-Operatório, Operatório Concreto, Operatório Formal -, que progride a partir da interação do indivíduo com o meio. ¹
Sua teoria vai contra as de apriorismo, onde a inteligência está pronta na mente do indivíduo, e empirismo, onde o conhecimento está presente no meio onde o indivíduo se desenvolve. O meio, portanto, é fundamental, porém não é determinante para tal. ²
Ao comparar o comportamento da criança com o descrito pela teoria, nota-se uma semelhança grande. Por exemplo, durante os 2 a 7 anos, a criança possui a linguagem praticamente formada mas mantém apenas a sua visão das coisas, certo egocentrismo que está predominante no estágio sensório-motor.
Observa-se também que a criança não realiza a reversibilidade no pensamento, de modo que quando se pergunta se dois somados a um é igual a um somado a dois ela negará. Acredita que o desenvolvimento cognitivo é a fundação para a aprendizagem, crescendo em uma linha tênue. Quando há um desesquilíbrio entre o que é assimilado e o que é acomodado ocorre a construção da inteligência, isto é, há aumento de conhecimento, desenvolvimento da inteligência, quando o esquema de assimilação sofre acomodação ³.
É importante ressaltar que Jean Piaget afirmava que os quatro estágios não saem dessa sequência, porém podem ter durações distintas. Atualmente as crianças são mais adiantadas do que no começo do século XX, o que é justificável, pois a sociedade está mais dinâmica e acelerada. Mesmo assim a idéia se mantém desafiada pela complexidade do pensamento do homem.


Referências
1. Moreira, pág. 96 a 99.
2. Moreira, pág. 100 a 102
3. Moreira, pág. 100 e 101 

Análise crítica - Jean Piaget

Mariana Fernandes de Britto Costa
RA:095863

            Durante a segunda metade do século XX Jean Piaget foi um educador com grande influência, sendo conhecido pela teoria da Epistemologia genética. Suas novas ideias a cerca da educação  causou muito problema diante da forma tradicional que o ensino possuía, mudando completamente a lógica do aprendiz, em que o aluno deixava de ser um objeto estático na sala de aula, podendo construir o seu próprio aprendizado.
            Antes de se envolver com a psicologia do aprendizado Piaget estudou Biologia na Universidade de Neuchâtel, na Suíça, seguindo essa área até formar-se doutor. A biologia inspirou Piaget a pensar em novas formas de entender a aquisição da inteligência na criança, para ele o desenvolvimento psicológico das funções cognitivas levanta continuamente questões biológicas relacionadas à embriogênese, bem como questões fundadas nas relações entre os organismos e o meio ambiente.
            Para Jean Piaget o conhecimento não é algo inerente ao ser humano, assim como diz a teoria apriorista, bem como também não é algo adquirido apenas pela observação do meio, como diz a teoria  empirista. Dessa forma, o conhecimento não estava nem no sujeito e nem no meio, e sim na possibilidade de interação entre os dois.
            A construção da inteligência, segundo o autor, varia entre 0 e 15 anos, e ocorre 4 estágios, os quais não devem ser pulados, e abrange faixas etárias mais ou menos fixas. Em cada estágio a criança desenvolverá somente o que é proposto para esse estágio. Dessa forma Piaget propõem que cabe ao professor direcionar a construção do aprendizado dentro do estágio. Deve-se, porém, levar em conta que apesar da ideia dos estágios ser bastante válida, sugerir ideias de um estágio superior ao que a criança está no momento pode ser interessante no aprendizado dela. Os estágios sugeridos por Piaget são:
1.    Sensório-motor (0 a 2 anos): nessa fase o ponto principal de Piaget é o egocentrismo. Para ele nessa fase a criança se baseia apensa na sua própria experiência de vida, podendo haver confusão entre ela (o indivíduo) e o mundo.
2.    Pré-operatório (2 a 7 anos): Essa fase sofre uma importante mudança gerada pela aquisição da linguagem.
3.    Operatório-concreto (7 a 11 anos): a criança necessita do campo perceptível para fazer o agrupamento lógico.
4.    Operatório-formal (11 a 15 anos): a criança já consegue estabelecer relações possíveis.
            Antes da aprendizagem, porém, Piaget acredita que a criança passa por um desequilíbrio (uma informação nova). Esse desequilíbrio por sua vez a estimula a buscar por um equilíbrio, assimilando e acomodando a informação nova. A aprendizagem em si só ocorrerá quando a criança estiver madura para isso. essa equilibração ocorre sempre dentro de um mesmo estágio.
            A epistemologia genética de Piaget, preocupava-se também com o desenvolvimento do juízo moral da criança. Para isso o estudioso Yves de la Taille define moral como tendo dimensões de obrigatoriedade, podendo essa obrigação ser passada através da coação ou da cooperação.
            A moralidade para Piaget se desenvolve em  3 fases: anomia, heteronomia e autonomia. Para o desenvolvimento da moralidade a afetividade é um fator muito importante. Alguns sentimento, tais como medo e amor, simpatia e confiança, mobilizam as pessoas a agirem diante de suas obrigatoriedades. Na criança a primeira manifestação da moralidade se dá com a obediência, em que o medo e o amor são os sentimentos regentes dessa manifestação.
            As contribuições de Piaget para os métodos educacionais são importantes e valiosas. Entender a criança como um ser ativo dentro da sala de aula, capaz de construir a sua própria inteligência, coloca a educação em uma via horizontal. Apesar da importância da criança em sala, não deve-se, porém, acreditar que o papel do professor se resume apenas em transmitir informações conflitantes, que causará no aluno o desequilíbrio desencadeador do desenvolvimento cognitivo. Deve-se também levar em consideração que desde a criação da epistemologia genética, por Piaget, muitas informações nova surgiram, desde avanços tecnológico como avanços na própria ciência, sendo importante que ocorra algumas modificações também no sistema educacional para que ele ainda seja efetivo diante da situação social em que vivemos hoje.

Perspectivas Práticas em Piaget


Felipe Costa Mercadante       RA: 043369
Durante o curso, meu interesse tem sido em como os conhecimentos teóricos apresentados se relacionam com a minha prática em sala de aula. Por conta disso, a parte dos conteúdos que são voltados para as crianças, e para o seu desenvolvimento, acaba sendo menos relevante, ao menos diretamente (conforme comentarei mais a frente), do que o estudo dos processos em adolescentes. Isso não significa que o que acontece durante o sensório-motor e no pré-operatório não tenha, ao menos, sua importância no entendimento do processo de desenvolvimento cognitivo como um todo.
Como o meu trabalho é com adolescentes e adultos, o mínimo que se espera é que eles já tenham domínio de linguagem, de representações e símbolos, e a capacidade de abstração, que são desenvolvidos, segundo Piaget, nos períodos anteriores ao operatório formal. No entanto, esse desenvolvimento não acontece simultaneamente em todas as áreas, o que rompe com a classificação, feita por Piaget, em períodos determinados, sucessivos e delimitados por idades. Eu vejo, por exemplo, que alguns adultos, apesar de dominarem a linguagem e serem capazes de abstrações, não dominam, especificamente, a linguagem matemática, o que leva a problemas de aprendizado e desenvolvimento apenas dentro da matemática, sendo possível o aprendizado de conceitos em física e química (que utilizam a matemática).
É interessante perceber, no entanto, que a deficiência na linguagem matemática leva ao mesmo tipo de impedimento do desenvolvimento que acontece com a linguagem convencional. Por exemplo, alunos que não entendem as diferenças de alguns símbolos matemáticos, como o =, o $\Rightarrow$ e o $\Leftrightarrow$, também não são capazes de fazer o encadeamento correto de raciocínios ou se perdem em demonstrações mais longas. Além disso, o uso de incógnitas com funções específicas (representando uma classe específica de valores) torna-se algo difícil de entender para aqueles que não desenvolveram a capacidade de representação que o uso de incógnitas oferece. Esses exemplos servem para ilustrar o quanto a teoria de Piaget, mesmo quando trata de processos que deveriam acontecer apenas com crianças, pode ajudar a entender alguns processos de aprendizado em adultos, sendo ao mesmo tempo exemplos de ruptura com a teoria piagetiana.
Na minha opinião, a contribuição mais importante de Piaget, no processo educacional, é a ideia de que existe um desenvolvimento cognitivo, principalmente pela desenvolvimento dos esquemas, que acontece em paralelo com a apresentação dos conteúdos de cada disciplina escolar. Uma das maiores dificuldades de um professor, especialmente em matemática, está em justificar o ensino de alguns conteúdos que possuem pouca aplicabilidade prática (como matrizes e determinantes, trigonometria avançada, números complexos, etc). A justificativa, que alguns usam, de que esses conteúdos “expandem a capacidade de pensar” passa a ser subsidiada por Piaget, dada sua importância como ferramenta no desenvolvimento cognitivo.
Além disso, outra contribuição importante de Piaget é a compreensão sobre o papel da equilibração e do desequilíbrio no processo de aprendizado (apesar de Piaget preferir “aumento de conhecimento”) e como, através de acomodação e assimilação, o aluno aprende. Essas ferramentas auxiliam o planejamento do professor sobre a forma de se ensinar determinados conteúdos, utilizando uma sequência planejada de desequilíbrios, não exagerados, para levar o aluno ao entendimento de determinados assuntos (apesar de, como discutido durante as aulas, isso não ser condição suficiente para o aprendizado). Nesse ponto, começa a aparecer a importância também da afetividade no processo.
Antes de concluir, gostaria de apresentar um paralelo que surge entre o desenvolvimento moral e a relação do aluno com os conteúdos escolares. Durante alguns anos, a relação entre os alunos e esses conteúdos é pautada pela heteronomia: o aluno não discute o que lhe é apresentado, pois cabe ao professor (“detentor do conhecimento”) zelar pela relevância e pelo significado do que é apresentado. Isso prejudica muito o aprendizado, pois muitos alunos acabam apenas decorando, em vez de compreender a essência e a construção lógica ou a conquista científica por trás daquele conteúdo. Portanto, além da preocupação em se levar o aluno a uma autonomia moral, também deve existir, para o professor, a preocupação de levar o aluno a uma autonomia de raciocínio, para que o aluno possa efetivamente aprender.
Muito do que Piaget estudou é extremamente útil para as práticas em sala de aula. No entanto, a realidade mudou muito de seu tempo para hoje. Com o desenvolvimento das tecnologias, houve um aumento dos estímulos e desequilíbrios que podem ser proporcionados aos alunos, o que “acelera” as passagens dos estágios de Piaget. Ao mesmo tempo, a virtualização das relações humanas, a meu ver, tem levado a uma persistência prolongada do egocentrismo, sendo cada vez mais difícil que o aluno consiga olhar sob a perspectiva do outro. Com isso, surgiram novos desafios à prática em sala de aula que não foram estudados por Piaget, levando à necessidade de acomodação em sua teoria.

domingo, 15 de abril de 2012

Análise crítica da teoria de Piaget


Teoria Piagetiana como contribuição à educação
Josiane de Cássia Matias dos Santos - RA: 119652.

Jean Piaget (1896- 1980) desde criança se interessou por ciências, percorreu o campo da biologia, da sociologia, da filosofia e, mais tarde, com a contribuição da biologia alterou a psicologia existente na época. Piaget realizou um estudo experimental do desenvolvimento da inteligência observando desde o nascimento da criança até a adolescência. Assim, criou a Epistemologia Genética com o objetivo de desvendar através da experimentação os processos fundamentais de formação do conhecimento na criança.
Sendo assim, o desenvolvimento da inteligência é a principal questão abordada por Piaget, pois seu foco era descobrir como é que o sujeito desenvolve uma inteligência lógica. Diante disso, ele apresentou uma visão interacionista, com intuito de demonstrar o sujeito desde a infância até a fase adulta interagindo com o meio e entender os mecanismos mentais envolvidos em cada etapa da vida. Interagindo com o meio, o sujeito é capaz de aprender. E, é através dessa interação com o mundo que o sujeito recebe influência em seu desenvolvimento intelectual e aprendizagem. De fato, a cultura em que o indivíduo está inserido, suas oportunidades de vida e suas condições sociais têm papel fundamental em seu desenvolvimento e, todas essas, explicam o porquê dos sujeitos de mesma idade poder estar em estágios de inteligências diferentes, ideia contrária a de Piaget.
Além do mais, Jean Piaget divide em quatro períodos o desenvolvimento mental, em virtude da observância de que o sujeito age de diversas maneiras nas diferentes idades. Deste modo, considera que a criança por meio do seu amadurecimento físico e psicológico constrói sua inteligência.
Segundo a concepção de Piaget apresentada por Moreira (1995), o período sensório motor compreende o período após o nascimento até os dois anos de idade. Neste período a criança apresenta comportamentos reflexos, como sucção, preensão e choro. Bem como evidencia um egocentrismo total, ou seja, a criança pensa apenas nela, como se fosse o centro do universo e acredita que tudo existe em função dela. Nota-se que é nesse período, especialmente, que Piaget confirma sua afirmação de que a linguagem é posterior à inteligência.
O próximo período é o pré-operacional que vai dos dois aos seis, sete anos. Neste período a criança já utiliza da linguagem, símbolos e imagens, porém seu pensamento ainda não é reversível (não compreende que se A é igual a B, B é igual a A). Desta forma, a alegação de Piaget que diz que é nesta fase que a criança através de seu animismo atribui vida aos objetos é válida, pois como é nessa fase que ela começa a ter contato com esses recursos de comunicação é pertinente que os explore. O período seguinte é o operacional concreto, este período abrange dos sete, oito anos até cerca dos onze, doze anos. A partir deste, a criança tem pensamento reversível, verifica-se também que a criança não tem mais o egocentrismo que tinha antes, mas ainda necessita do campo perceptível para a realização dos agrupamentos lógicos. O quarto período, o operatório formal, inicia-se aos onze anos e estende-se até a vida adulta. Este período é marcado pela capacidade que o sujeito tem de raciocinar apenas com hipóteses verbais e não somente com objetos concretos. Todavia, na adolescência o individuo atribui muito poder a si próprio e, assim, manifesta novamente um egocentrismo. No entanto, Piaget considera que todas as crianças passam por todos os períodos, não sendo possível chegar a um período sem passar por seu anterior. Contudo, sabemos que o desenvolvimento da criança é muito influenciado pelo ambiente em que vive e pelos estímulos recebidos; assim sendo, não é possível balizar esquematicamente toda a fase de desenvolvimento da própria, mas sim prever. Por exemplo, pode ser que determinada criança consiga atingir completo desenvolvimento sem passar por determinado período gradualmente.
Na análise do desenvolvimento moral através da afetividade, Piaget afirma que a primeira moral da criança é a da obediência e provém da vontade dos pais, o chamado respeito unilateral. Certamente, esta razão é lógica, pois são os responsáveis pela criança que passarão os valores normativos até a criança não conseguir discernir o certo do errado. Nesta fase, as crianças agirão por amor ou temor. Contudo, à medida que a criança for crescendo o respeito dela passará de unilateral para mútuo, ou seja, a criança desenvolverá uma relação de cooperação, havendo o respeito mútuo, com confiança. No campo educacional é necessário que haja a relação unilateral entre professores e alunos para que também a aprendizagem e todas as demais relações sejam flexíveis.
Portanto, a teoria piagetiana é importante visto que trata da construção da inteligência humana e a partir dela é possível entender como se dá o desenvolvimento do conhecimento. Assim, analisando a teoria de Piaget, a partir desse breve estudo de sua obra, é evidente que cabe aos educadores selecionarem, aplicarem e até mesmo adaptarem os fundamentos da teoria piagetiana que julgarem propícios e adequados para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças de hoje, levando em consideração as transformações que ocorreram no mundo e as perspectivas que não puderam ser analisadas por Piaget. Mas algo incontestável é a necessidade  de levar em consideração a importância de deixar o aluno agir sobre seus trabalhos para que ocorra uma aprendizagem efetiva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS                     
PIAGET, J. A epistemologia genética/ Sabedoria e ilusões da filosofia; Problemas de psicologia genética; Jean Piaget; traduções de Nathanael C. Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Celia E. A. Di Piero. – 2. ed. – São Paulo: Abril Cultural, 1983. (p. 7-15).
RAPPAPORT, C. R; FIORI, W. R.; DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1981. (cap. 3 – Modelo paigetiano, p. 51-75).
MOREIRA, M. A. Monografia nº6 da Série Enfoque Teóricos. Porto Alegre, Instituto de física da UFRGS. Originalmente divulgada, em 1980, na série “Melhoria do Ensino”, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior (PADES) /UFRGS, Nº14. Publicada, em 1985, no livro “Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos”, São Paulo, Editora Moraes, p.49-50, Revistada em 1995.
_____________. Seis estudos de Psicologia. 25ª Ed. RJ: Forense Universitária, 2011.

Análise crítica do módulo de Jean Piaget

Piaget e alguns atritos na educação atual – um breve panorama

Guilherme Borelli      RA:117080

É fácil encontrar pessoas que reproduzam a consolidada frase: a educação é a base da sociedade. Grande parte de nós já ouviu isso, mas será que compreendemos o que isso realmente significa? Infelizmente, apesar de haver tal senso, não há uma aplicação verdadeira do conceito embutido na frase. O valor da educação está degradado e subestimado, tanto no tratamento teórico-prático dado a ela, quanto nos próprios envolvidos, professores e alunos, bem como nos pais, que, sem tempo de pensar, confiam a educação de seus filhos a modelos de ensino sem ao menos saber o que eles representam.
Sendo o ensino o grande motor da sociedade, fica fácil imaginar que hajam muitos pensadores que dedicaram seus esforços tentando compreender, se não seu processo, pontos que se aproximam dele. Um grande pensador encontrado na literatura e nos modelos escolares de ensino, é Jean Piaget.
Nascido na Suíça, no final do século XIX, Piaget teve uma trajetória no mínimo curiosa, com momentos de estudo voltados para biologia intercalados por um momento filosófico onde teve sua grande desilusão. Sua busca pelo entendimento dos processos de pensamento e como eles se tornam possíveis na medida em que há o desenvolvimento biológico do homem, geram um conceito revolucionário, o interacionismo. Até então, era aceito que os conhecimentos advinham, simplificadamente, de duas formas. Uma, vinha de dentro do sujeito, que nascia apto a desenvolver suas cognições e o fazia, apenas por ter tal capacidade (o apriorismo ou 'behaviorismo'). E a outra, porque o meio em que o sujeito estava inserido, o dava condições e até o forçava a se desenvolver, passando o conhecimento ao mesmo, apenas por este estar ali (o empirismo). Com o advento do pensamento interacionista embasado na recém-formada epistemologia psicogenética, foi possível criar um novo ponto de foco dos estudos, saindo do paradigma puro objeto ou sujeito e indo ao novo patamar, a interação do sujeito sobre o objeto.
Os estudos começaram e rapidamente se percebeu que um forte e visível momento onde ocorre a formação cognitiva do indivíduo, é na infância. Assim, começa um longo estudo com crianças, inclusive dentro de sua casa, pois Piaget faz uso de seus filhos com frequência, para compreender melhor seus resultados. É necessário, nesse momento que se faça uma observação. Piaget sempre teve foco no entendimento da formação do pensamento, por tanto, de forma global. Não era sua intenção criar qualquer modelo escolar ou desmembrar a infância a caráter de estudo. As crianças eram apenas seu modelo de entendimento, seus 'experimentos', pois nelas, era facilmente identificável os pontos questionados por ele.
No decorrer de suas obras, Jean Piaget vai destrinchando os acontecimentos para o 'nascer' do pensamento por ele denominado formal. Isso gera, de maneira quase automática a formação de uma 'escada' do desenvolvimento, onde são enumerados os conhecidos estágios do desenvolvimento: Sensório motor, Pré-operatório, Operatório concreto e Operatório formal. O grande ponto de apoio que eleva os sujeitos por essa escada é o desenvolvimento do raciocínio, embasado primariamente na imitação, seguido da linguagem e posteriormente da capacidade de abstração do indivíduo, permeados fortemente e até restringidos pela maturação biológica individual. Isso faz com que o raciocínio propriamente dito, para Piaget, seja um adquirido unidirecional e sem saltos pelos níveis, já que, para obter a ferramenta necessária ao próximo nível, é fundamental que já se tenha os pré-requisitos.
Surgem no decorrer de suas obras, conceitos para explicar os processos de obtenção do conhecimento. Como, por exemplo, acomodação e equilibração, que são os processos de questionamento do conhecimento já interiorizado e reestruturação das formas de raciocínio que vão gerar uma adaptação ao novo conhecimento, permitindo o adquirir. Tais conceitos vão culminar em uma ferramenta hoje utilizada em sala de aula que é o ensino reversível, onde o professor tenta, a partir dos esquemas mentais do aluno, passar o novo esquema a ser aprendido. Entra então mais um conceito, a equilibração majorante, que é desequilibrar os esquemas mentais do aluno numa medida em que isso não se torne massante ou assustador. E a partir do ponto em que é preciso dosar a desequilibração para não assustar, fica evidente que os sentimentos do aluno, interferem na aprendizagem, e mesmo a contragosto, Piaget se vê a obrigado a passar, ainda que rapidamente, pelo campo da afetividade.
Percebemos que há vários pontos interessantes e de fácil aplicação para a educação escolar. Talvez por isso, alguns leitores Piagetianos, tentaram criar um modelo escolar embasado em suas obras . O grande problema, é que a leitura superficial da real intenção de Piaget, levou a um arraigamento equivocado dos conceitos por ele propostos. Hoje, fala-se em Piaget com certo repúdio de sua 'teoria construtivista', que permite aos alunos fazer tudo do seu jeito, afinal, a interação com o meio é que dá o conhecimento, não importando o mediador (professor) e nem como isso é feito (certo ou errado). Certamente, uma leitura mais profunda, permitiria que fosse percebido o grande erro cometido, já que, Piaget jamais negou o papel da mediação, sequer criou uma teoria e não esteve interessado em arrumar o modelo escolar. Devemos nos prevenir de discursos falaciosos que empurram o construtivismo de maneira errônea para as salas de aulas, fazendo exatamente o que foi estudado por Piaget; adquirir um novo conhecimento e abandonar o esquema mental que temos do construtivismo atualmente.
Vale relembrar que Piaget foi revolucionário em sua época e que hoje, temos recursos de estudo do conhecimento inimagináveis naquele momento histórico. O advento dos supercomputadores, por exemplo, para estudos detalhados e mapeamentos cerebrais que permitem avaliar conceitos biológicos da aquisição do 'pensar', mostram caminhos que não eram possíveis antes. Será que é viável recauchutar o modelo construtivista para tentar melhorar a qualidade do ensino? Ou talvez devêssemos nos atentar a outros fatores, por hora esquecidos, como a massificação da cultura escolar, ou a propagação dessa cultura com os conceitos já caducos ainda fortemente fixos a ela. De qualquer forma, fica uma grande herança para estudos posteriores e profundos, ainda que muitos discordem, talvez por desconhecimento. Uma herança de grande valor, já explorada por alguns autores e deturpada por muitos outros.
Renata Zanetti Morelli                                                                              RA: 103951


Análise crítica – Teoria Piagetiana 


                 Piaget foi um grande pensador que introduziu novas ideias relacionadas à Psicologia. Trabalhou intensamente na pergunta: como se constrói a inteligência? Piaget negligencia as duas teorias da época: o apriorismo, segundo a qual a inteligência é inata, e o empirismo, que defende que o conhecimento está fora do sujeito. Piaget sugere uma nova ideia, a teoria interacionista, construtiva, que diz que o conhecimento está na possibilidade de interação entre o sujeito e o objeto (meio). Sendo biólogo, Piaget acredita que a biologia tem importância na teoria do conhecimento, a qual não é, como defendido pela maioria dos pensadores, apenas baseada em conhecimentos filosóficos. Este é um dos vários pontos diferenciais da teoria piagetiana, conhecida como epistemologia genética. Epistemologia porque Piaget foca na construção de conhecimento, e genética porque essa construção se dá desde o começo da vida do indivíduo, desde que somos crianças.
                Como já dito, para Piaget conhecer é explicar algo a partir daquilo que foi vivido, ou seja, da relação do indivíduo com o meio. A experiência é fundamental para essa construção: sem a experiência não se constrói o conhecimento. Para Piaget esta construção se dá pela assimilação e acomodação. Ao entrar em contato com o meio o indivíduo tira informações desta relação: isto é a assimilação, ou seja, informações novas são adquiridas e incorporadas a um sistema já existente. Esta permite que o indivíduo conheça o objeto e dê um significado ao objeto novo, que acabou de ser assimilado. Ou seja, é estruturando aquilo que ele vive que o sujeito vai construindo sua realidade, seu conhecimento. Caso a assimilação não seja suficiente para que o objeto novo seja conhecido, o sujeito irá usar a acomodação, ou seja, irá modificar as estruturas antigas para entender as singularidades de um objeto.
               Em ambos os casos, conhecer uma situação nova envolve a saída de um estado de equilíbrio das estruturas cognitivas, a entrada em um conflito. Entender esta situação significa voltar a este estado de equilíbrio. Durante a obra piagetiana este conceito de adaptação, de volta ao equilíbrio evolui. Num primeiro momento a adaptação é dada como um processo irreversível. Num segundo momento ela é uma equilibração majorante, isto é, uma situação em que ao se sair do equilíbrio ele é buscado novamente. Porém agora a adaptação não é irreversível: é possível voltar ao estado anterior para que um novo conhecimento seja buscado. Esta volta é muito fácil de ser realizada. Por fim, a adaptação é explicada como uma abstração reflexiva, na qual há incorporação das informações resultantes de uma ação sobre um objeto. Entretanto, é importante ressaltar que em todos os casos a adaptação sempre resulta de uma ação.
              A ação, no entanto, só é possível graças à construção de esquemas, que são instrumentos para a percepção do mundo, é tudo aquilo que é generalizável em uma ação. Durante o desenvolvimento do sujeito, os esquemas se modificam para que se acomodem a uma nova situação.
             O desenvolvimento intelectual se dá em estágios, os quais possuem número e natureza de esquemas diferentes. Este desenvolvimento é um processo de equlibração progressiva: sempre há a busca pelo equilíbrio. Vemos então que a busca pelo equilíbrio é fundamental para a construção do conhecimento.
            Outro ponto importante da teoria Piagetiana é que para ele a linguagem não é fundamental para a construção do pensamento, diferenciando de todos os outros autores até então. A formação do pensamento e a aquisição da linguagem caminham paralelamente. Ela é necessária para o desenvolvimento da inteligência, mas apenas em um estágio mais avançado. Esta ideia de que a linguagem não é fundamental em um primeiro momento para a formação da inteligência dá maior importância para as crianças nos primeiros anos de vida, que embora não tenham linguagem têm um desenvolvimento mental, são inteligentes.
            Piaget também desenvolve sua teoria em relação à moral. Para ele, a moral é um conjunto de regras cuja essência está no respeito que o sujeito tem por essas regras. Em um primeiro momento a moral é entendida pela criança como uma lei, mas depois ela passa a entender que a moral é um acordo racional. Para Piaget, a formação de um juízo moral passa em um primeiro momento por uma fase de coerção, mas depois ocorre a cooperação, isto é, a criança entende o ponto de vista do outro e assim consegue construir um respeito mútuo. Neste ponto cabe destacar a relação das crianças com as “autoridades” de sua vida, como pais e professores. A criança, nos primeiro estágios de seu desenvolvimento, apenas respeita as autoridades por entender que é uma obrigação. Em um segundo momento o respeito ocorre porque a criança se põe no lugar do outro, entende esta relação eu-outro e entende a importância do outro, e por isso passa a respeitá-lo.
          Outro ponto destacado na teoria piagetiana é a aprendizagem, que é aquilo que está restrito às aquisições em função do que foi vivido. É diferente do desenvolvimento intelectual, embora ambos estejam relacionados à aquisição de conhecimentos e sejam interdependentes: a aprendizagem permite que o desenvolvimento ocorra, mas não é a única força propulsora para tal. Toda aprendizagem implica que haja uma desorganização mental para que o equilíbrio seja buscado e atingido. Aprender, além de ser um acúmulo de informações, é uma reconstrução mental de maneira que o resultado seja superior à situação anterior.
           Outro ponto diferente é como o erro é visto: ele é um desequilíbrio momentâneo que se conduzido construtivamente leva a aprendizagem. Mas até que ponto o erro é uma maneira de aprendizagem, e não um erro verdadeiro, que na realidade nada ensina? Isto é algo a se destacar no pensamento piagetiano e que acaba sendo “polêmico” entre os educadores. Este erro construtivo é importante para a aprendizagem, mas ele deve ser conduzido por um educador, pois caso contrário, a criança pode errar sempre e acabar por não aprender nada. Ou será que os educadores devem deixar a criança errar livremente e aprender com estes erros, por mais demorado que este processo seja? Este é um dos pontos bem criticados na teoria de Piaget.
           Para Piaget, toda essa questão do desenvolvimento intelectual e da aprendizagem se dá em estágios. Eles estão divididos de acordo com a faixa etária: à medida que a criança amadurece física e fisiologicamente ela constrói sua inteligência. É a própria criança que constrói seu conhecimento mental, a partir da maturação, estimulação do ambiente físico, aprendizagem social e equilibração.
           Por maturação entende-se desenvolvimento biológico (vemos aqui a importância da biologia na teoria piagetiana). A estimulação do ambiente físico é a experiência adquirida das ações do sujeito sobre o meio. A aprendizagem social se refere às relações sociais do sujeito, principalmente aquilo que diz respeito a moral. Por fim, a equilibração se refere à situação constante do sujeito sair do equilíbrio e entrar em conflito, e acabar buscando o conhecimento para voltar à situação inicial.
           Os estágios do desenvolvimento são:


          1) Sensório Motor (0 – 2 anos): a inteligência é prática e o pensamento vem sem a linguagem. A criança é egocêntrica, acreditando que tudo sempre se refere a ela. Ela não sabe ainda distinguir o eu do mundo. Aprende por tentativa e erro e age no mundo baseada em reflexos.
          2) Pré-Operatório (2 – 7 anos): a inteligência deixa de ser prática e passa a ser representativa e interiorizada. A criança consegue agora se lembrar dos acontecimentos. Ela já distingue o eu do mundo, e dá vida às coisas inanimadas, da mesma maneira que torna coisas com vida artificiais. A linguagem, agora presente, permite que surjam funções simbólicas.
          3) Operatório concreto (7 – 11 anos): a criança já forma esquemas conceituais, mas ainda precisa de algo palpável para compreender um objeto ou um conceito, por exemplo.
          4) Operatório formal (11-15 anos): aqui o sujeito consegue pensar e entender coisas abstratas, não havendo mais a necessidade de objetos concretos para que um conceito seja entendido. Neste período o indivíduo atinge a forma final do equilíbrio.


          É importante destacar que os estágios não podem ser pulados, já que a maturação tem extrema importância na determinação desses estágios. Porém um estágio pode ser mais acelerado em algumas crianças.
          Um último ponto a se destacar do trabalho de Piaget é o seu método clínico. Principalmente após o nascimento dos seus filhos Piaget passou a entender que a ausência da linguagem não é limitante para o desenvolvimento da inteligência. Começa então a analisar as crianças desde pequenas, através de seu método clínico: entrevista as crianças, conversa com elas, as deixa brincarem livremente. Todos estes “experimentos” forneceram resultados de extrema importância para que Piaget construísse sua teoria sobre o desenvolvimento intelectual.
           A teoria piagetiana é muito criticada, principalmente naquilo que diz respeito ao fato dele ter negligenciado o contexto social e histórico em que a relação meio-sujeito ocorre. Realmente, nos dias atuais em que o contexto é extremamente diferente, o desenvolvimento intelectual das crianças não é o mesmo das crianças da época de Piaget. Observamos crianças mais ativas, que se relacionam muito com o meio a sua volta, e este meio apresenta inúmeras informações a mais do que anos atrás.
          A teoria piagetiana pode ser aplicada nos dias atuais, mas devemos nos ater às mudanças que ocorreram no meio e nas relações intersociais.
Análise do pensamento Piagetiano pelo prisma educacional
                                                    Aline da Silva Giroux ra:115984 

A rica obra de Jean Piaget tem como força motriz desvendar a maneira como o conhecimento é construído ao longo do desenvolvimento humano. Ela rompe com diversos paradigmas da sociedade de sua época e presenteia a psicologia não apenas com o status de ciência, mas também com novas ideias que serviriam á pedagogia, posteriormente.
Analisaremos aqui alguns pontos dessa obra, tendo como enfoque principal as implicações educacionais do seu conteúdo. Vale ressaltar que Piaget nunca desenvolveu um método educacional e a aplicabilidade de sua teoria além de questionável, pode ser muito perigosa. O objetivo, portanto, é analisar a relação educador-aprendiz, tendo como alicerce alguns conceitos piagetianos, e não sugerir a aplicação direta deles.
Um dos pontos centrais da obra é o conceito de estágios. Piaget acredita que o desenvolvimento do conhecimento é dado em etapas que não podem ser puladas e que correspondem á faixa etárias mais ou menos fixas. Observo que ao mesmo tempo em que Piaget, apesar de interacionista, foca sua teoria no sujeito, ele subestima suas particularidades, assim como subestima a influência do meio nesse processo. A importância dada por Piaget á sistematização do seu estudo, em busca de uma cientifização da psicologia, acaba acarretando em uma generalização perigosa. Será que podemos mesmo definir com quantos anos uma criança é capaz de determinado raciocínio? Acredito que não.
No entanto, a determinação de estágios do desenvolvimento tem extrema importância, uma vez que ao determiná-los e caracterizá-los, Piaget sugere, indiretamente, um desenvolvimento paralelo de métodos de ensino. Por exemplo, uma vez que uma criança ainda não adquiriu uma certa capacidade de abstração, não é conveniente introduzir a noção matemática de variável, e sim trabalhar com operações concretas.
 Dessa forma, acreditando que esses estágios não são estanques e nem relacionados apenas á idade da criança, ou seja, á maturação biológica, acredito ser papel do educador procurar entender em qual estágio do desenvolvimento a criança se encontra, para que então ele possa pensar na forma mais eficiente para educá-la, sem desconsiderar, é claro, que o desenvolvimento está ocorrendo á todo momento.
Outro ponto importante da obra está na questão do juízo moral e da afetividade. Piaget não apenas rompe com o paradigma de que a moral, tal como conhecemos, é inata, como também propõe "estágios de desenvolvimento" da moral, equiparando-a, em certa medida, ao próprio conhecimento, em termos de construção. Além disso, para Piaget, a aquisição do conhecimento e da própria moral está intimamente relacionada á afetividade.
Acredito haver um avanço da obra piagetiana nesse ponto, visto que é dada uma grande importância ao meio, até então deixado um pouco de lado. Cabe, portanto, a interpretação de que é sim papel do educador contribuir para o desenvolvimento do sujeito autônomo, assim como também cabe ao educador estabelecer uma relação de afetividade e confiança com o sujeito. Entendendo-se por educador tanto professores, quanto pais ou qualquer outro que exerça essa função.
Acredito, por exemplo, que quando um educador estabelece uma relação em que predomina a coação, apesar haver afetividade e de a construção do conhecimento poder ocorrer de forma satisfatória, o educador está contribuindo para a construção de um sujeito heterônomo. Por outro lado, quando o educador se propõe á árdua tarefa de estabelecer com o sujeito uma relação em que predomina a cooperação, ele tenderá a desenvolver uma moral autônoma, e consequentemente, tende a se estabelecer uma relação de respeito mútuo.
Piaget também afirma que o sujeito deve ser ativo na construção do conhecimento. Em seu construtivismo, ele de maneira alguma defende a ideia de que o sujeito deve, sozinho, construir o conhecimento. Entendo que sem abrir mão do interacionismo, Piaget rompe com o paradigma de que o conhecimento se dá por acúmulo de informações prontas e sugere que o aprendiz precisa se apropriar do conhecimento, sendo ativo enquanto assimilador e reorganizador da informação. 
Julgo, portanto, ser papel do educador proporcionar momentos de desequilíbrio, dando condições para o sujeito assimilar a informação e se acomodar a ela, buscando uma nova equilibração. Construindo um dinamismo que permita ao aprendiz se apropriar do conhecimento.
Piaget destaca como força motriz da aprendizagem a vontade inata de conhecer, sugerindo que a ausência do conhecimento causa desequilíbrio no sujeito e afirmando que a busca pelo conhecimento está relacionada á busca por uma melhor adaptação ao meio.
Observo mais uma vez a tendência de Piaget em focar no sujeito. Discordo completamente quanto a vontade de conhecer ser inata e o sujeito se sentir desequilibrado diante do desconhecido. Isso pode sim ocorrer. Mas tudo depende de como o conhecimento é apresentado. Ou seja, é essencial que um educador não apenas torne a informação interessante ao transmiti-la, como também apresente uma utilidade prática para ela –fazendo com que o sujeito acredite que tal conhecimento pode melhorar sua interacao com o meio– e, claro, a torne acessível, de forma que o desequilíbrio causado não seja grande a ponto de o sujeito desistir.
Mesmo com todas as críticas que podem ser feitas, é inegável que o pensamento de Piaget revolucionou a maneira como o desenvolvimento da aprendizagem era visto e forneceu aos educadores um série de informações que podem e devem ser usadas como bases para o desenvolvimento de métodos de ensino. No entanto, uma aplicação do pensamento piagetiano em si, como já foi dito, não é viável. Cabe aos educadores filtrar o pensamento de Piaget, de forma crítica e cuidadosa, para então pensar no desenvolvimento de um método, de acordo com aquilo que for julgado pertinente.

sábado, 14 de abril de 2012

Análise crítica da teoria Piagetiana


Análise crítica da teoria Piagetiana
Angela Cristina Gomes RA 119105

Jean Piaget, formado em biologia e, mais tarde, especializando-se nas áreas de psicologia e filosofia, teve muita influência no ramo da educação, contribuindo com seus estudos e pesquisas tendo como objetivo descobrir a origem do conhecimento. Assim, Piaget criou um paradigma interacionista/construtivista e sua teoria é chamada de Epistemologia Genética, a qual diz que o conhecimento/inteligência é dado através da interação do sujeito com o meio.
De acordo com Macedo, Piaget define a própria teoria de epistemologia genética como o “estudo da passagem dos estados inferiores do conhecimento aos estados mais complexos ou rigorosos” (Macedo, pág 8, 1978)1. Dessa maneira, Piaget dividiu a construção do conhecimento em estágios, que vão desde a infância até a adolescência e são marcados por características que surgem no sujeito e que podem, muitas vezes, surgir em idades diferentes quando comparamos um grupo de indivíduos com a mesma idade. Sendo assim, é possível afirmar que se, segundo Piaget, a inteligência é consequência da interação do indivíduo com o meio, é comum alguns indivíduos desenvolverem o conhecimento de forma mais rápida, já que muitos podem se relacionar com o meio de forma mais intensa do que outros.
Em sua teoria, vemos também os conceitos de assimilação, acomodação e equilibração, os quais ele usa para explicar como ocorre o desenvolvimento da inteligência. Se tratando de assimilação, Piaget afirma que é necessário que ocorra certos desequilíbrios no sujeito, e são esses desequilibrios que fazem com que o indivíduo busque e assimile novas informações, quando este termina de assimilar ele passa para um estágio de equilíbrio, no qual ocorre a acomodação, ou seja, há uma modificação do sistema mental, sendo necessário que haja novos desequilibrios para a busca de mais informações e, assim, o ganho de novos conhecimentos. Baseando-se nesses conceitos, pode-se afirmar que o educador deve causar esses desequilíbrios nos alunos, não de forma exagerada, mas de maneira que os façam interagir em busca do conhecimento. Além disso, o professor não deve dar ao aluno respostas prontas, mas os ajudarem a pensar, interagindo com eles.
Os objetivos centrais de Piaget não estavam ligados à aprendizagem, mas, como dito no início, à construção da inteligência. Ele estuda a aprendizagem pois esta é uma consequência do desenvolvimento, como dito por Moreira: “só há aprendizagem (aumento de conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação” (Moreira, pág 102, 1995)2. Ou seja, a aprendizagem se dá através do desenvolvimento, o qual ocorre através do desequilíbrio, conforme dito por Rappaport et al  “o desenvolvimento é um processo que busca atingir formas de equilíbrios cada vez melhores” (Rappaport et al, pág 62, 1981)3. Sendo assim, pode-se ressaltar mais uma vez a importância que o educador tem para causar esses desequilíbrios, lembrando que Piaget focava o desenvolvimento no sujeito, é algo que ele precisa buscar,  interagindo-se com o meio.
Em relação ao pensamento e a linguagem, Piaget acreditava que a linguagem é importante e com ela o pensamento sofre mudanças significantes. Todavia, o pensamento surge antes da linguagem, ele nasce com o indivíduo, mas de forma desorganizada. Piaget e Inhelder afirmam que: “a linguagem desempenha papel particularmente importante, pois, [...], a linguagem já está toda elaborada socialmente e contém de antemão [...] um conjunto de instrumentos cognitivos ([...]) a serviço do pensamento” (Piaget; Inhelder, pág 80, 2011)4,. Nesse ponto, nota-se a importancia dos estágios ditos por Piaget, pois segundo ele a linguagem surge em torno de 2 a 7 anos, no período pré-operatório, já em relação ao pensamento, é possível ver indícios deste no período de 0 a 2 anos, chamado de sensório motor, em que o pensamento infantil é marcado pelo egocentrismo da criança, influênciando a forma em que ela se relaciona com o mundo. 
Ao estudar a teoria piagetiana, nos deparamos também com o chamado Juízo Moral, este está relacionado com a afetividade. Piaget, em suas pesquisas, notou que na infância é comum as crianças terem o chamado juízo unilateral, ou seja, a moral delas é dita apenas pelas normas e regras impostas pelos adultos. Mas, ao atingir certa idade, o juízo delas passa de unilateral para mútuo. Isto ocorre devido à afetividade. No campo da educação isso se torna importante, pois é possível compreender que um professor bom não é aquele autoritário, que impõe regras na sala de aula e somente ele está certo, mas sim aquele que cria uma afetividade com os alunos, mostrando para eles o porque de certas regras e abrindo espaço para que estes participem na aula.
Enfim, mesmo Piaget não tendo focado suas pesquisas para a aprendizagem, a sua teoria é de grande importância para a educação. Mas, é necessário que se leve em conta que a sociedade em que ele viveu foi diferente da que nós vivemos, pois atualmente a tecnologia influência de grande maneira na educação, podendo fazer com que as crianças passem de estágios de forma mais rápida do que na época de Piaget.

Referências

<!--[if !supportLists]-->1.      <!--[endif]-->MACEDO, R.M.S. Piaget: vida e obra. In: Piaget. SP: Cultura Industrial. 1978. (pág 8). (Coleção Os Pensadores)
<!--[if !supportLists]-->2.      <!--[endif]-->MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e Aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes. 1995. (pág 102)
<!--[if !supportLists]-->3.      <!--[endif]-->RAPPAPORT, C. R.; FIORI, V. R.; DAVIS, C. Teorias do desenvolvimento: conceitos fundamentais. In : Psicologia do desenvolvimento. SP: EPU. 1981 (pág 102)
<!--[if !supportLists]-->4.      <!--[endif]-->PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da criança. 5ª Ed. RJ: Difel, 2011 (pág 80)



Análise crítica da obra piagetiana


Piaget e a arte-educação
Rafaela Harumi Nakasone
RA: 103880

Esse primeiro olhar que traço sobre a obra piagetiana trouxe profundas mudanças não só na minha visão sobre a questão do ensino, da licenciatura e da arte-educação, mas também na pesquisa em Artes Visuais que desenvolvo. Eu apresentava uma grande resistência às disciplinas de licenciatura pelo fato de que elas se mostravam para mim apenas como um suporte caso não houvesse espaço para desenvolvimento dos trabalhos artísticos, Além disso, eu não concebia como possível trocas, no âmbito artístico no caso, com as crianças e adolescentes.
Jean Piaget (1896-1980), que foca sua pesquisa na epistemologia genética, coloca a inteligência como anterior à fala e que o desenvolvimento da inteligência é composto por estágios que, apesar de não poderem ser saltados, podem avançar de maneira mais rápida. Dessa forma, por mais que haja um enfoque no sujeito, o papel da sociedade merece destaque na obra piagetiana. O professor, então, deve provocar pequenos desequilíbrios aos seus alunos, já que o desenvolvimento da inteligência se dá por meio das equilibrações sucessivas. O meu julgamento que colocava como ser impossível a troca com as crianças e adolescentes passa a me parecer injusto depois desse breve estudo sobre o pensamento piagetiano. Eu colocara a ênfase somente no sujeito e se não acreditava ser possível discutir, por exemplo, a influência do papel que o expectador nos happenings da década de 1970 sobre a performance atual, certamente seria uma decorrência da pouca idade, da falta de interesse etc. A questão agora me parece outra. Qual é o incentivo para que haja um interesse não só pela história da arte mas também por um desenvolvimento artístico próprio na escola? Enquanto as discussões desenvolvidas nas aulas de Educação Artística se limitarem a releituras de certos artistas (que taxaria como os clichês da história da arte) sem que haja nenhum aprofundamento teórico é difícil que se crie um amadurecimento de seus pensamentos.
A elitização da arte poderia ser rompida em grande parte por meio de um estudo que enfocasse outras relações com as produções artísticas. Ao contrário do que se vê acontecer com a maioria dos trabalhos artístico, sobretudo contemporâneos, a relação que se estabelece com as produções populares, como artesanato, é passível de associação com a noção de cooperação apresentada por Piaget. A interação entre o espectador e tais trabalhos permite maiores trocas, ou seja, estabelece-se uma relação de diálogo que muita vezes não ocorre com as manifestações artísticas contemporâneas. Assim, pode-se dizer que com as últimas as relações sejam, em sua maioria, de coação. Roger L. Taylor (TAYLOR, Roger L. Arte, inimiga do povo. São Paulo: Conrad, 2005) coloca que a arte deve ser rejeitada pela massa pois ela estabelece uma relação de domínio elitista. É necessário se criar um diálogo efetivo entre as diversas manifestações artísticas a fim de aproximar toda a sociedade e estabelecer um contato real. Porém para que se dêem tais relações é necessário considerar o contexto sociocultural em que estão dos indivíduos e suas bagagens culturais. Um caso exposto em um encontro sobre museus na atualidade exemplifica isso. Uma mulher que visitava o MASP pela primeira vez, ao se deparar com uma pintura de um pinheiro de Cézanne, impressiona-se muito e diz que aquela era a árvore da casa de sua avó. A discussão bastante acalourada visava entender até que ponto o externo (o peso de Cézanne na história da arte mundial) deveria ser levado para que pudesse acrescer às suas bagagens pessoais, pois não é possível deixá-las de lado, mas sem impor ou desconstruir um pensamento que ela já desenvolvera. Assim, ao contrário do que coloca Piaget, acredito que o contexto social deva ser considerado para que se estabeleçam menos relações de coação.
O contato com a teoria piagetiana foi de grande marco dentro dos meus estudo no curso de bacharelado e licenciatura em Artes Visuais no Instituto de Artes da Unicamp. Noto claramente hoje que não seria possível exercer um papel importante enquanto artista que pretendo ser se eu deixasse de lado a possibilidade de mudanças por meio da arte. Continuo a acreditar que trabalhos como Tilted Arc (1981) de Richard Serra sejam desequilibrações que o artista precisa, como o professor, provocar, porém, como é colocado por Piaget, tais desequilibrações muitas vezes precisam ser pequenas para que incitem o aluno/espectador e não retirem dele o desejo pelo conhecimento, intrínseco ao ser humano.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Análise Crítica


Jean Piaget: o processo de desenvolvimento da criança.

                                                                                        Caroline C. Gomes RA:119231

 Jean Piaget (1896-1920), pode ser considerado um dos grandes pesquisadores da pedagogia e psicologia, contribuindo para a educação. Piaget era uma criança curiosa, e desde essa época tinha um “despertar” para a observação científica. Estudou filosofia, sociologia, ciências naturais e especialmente psicologia, a qual foi a  ciência que serviu de base para sua teoria: a Teoria Piagetiana.
            Ao iniciar seu estudo no campo da psicologia, Piaget teve como foco a inteligência. A questão que o impulsionava para o assunto era: Como os homens constroem o conhecimento? Desde então começou a estudar o desenvolvimento da genética e da inteligência para compreender esse aspecto da inteligência, que foi nomeada como Epistemologia Genética.
No século XX, algumas teorias relacionadas ao conhecimento e inteligência, como empirismo e apriorismo, foram contestadas por Piaget.O emperismo era definido como: o conhecimento esta fora do indivíduo, basta procurá-lo,e  apriorismo como: a inteligência esta dentro do indivíduo. O motivo que justifica a discórdia dessas teorias é que Piaget considerava o meio termo dessas duas teorias, as duas eram dependentes, ou seja, o indivíduo adquiria conhecimento pela interação com o meio desenvolvendo sua inteligência. Para comprovar isso, foi necessário estudos com crianças que comprovassem essa suposição, dessa forma ele baseou-se em um paradigma “interacionista e construtivista”, que por sinal foi explorado.
Diante desses estudos empíricos, Piaget definiu quatro estágios de desenvolvimento. O primeiro “Sensório Motor”, começa ao nascimento e termina aos dois anos. Nessa fase a criança é marcada pelo egocentrismo, pois ela só tem como referência o seu mundo, não relata, responde a perguntas e fatos além dos que ocorrem em sua vida. Outras características marcantes são a confusão que a criança tem entre o “eu” dela e o mundo e a interação com o resto do mundo através das reflexões e imitação das ações perceptíveis, denominada inteligência prática.
O segundo estágio “Pré- Operatório”, se inicia aos dois anos e acaba aos sete anos. É nessa época que a criança desenvolve a linguagem, a qual proporciona uma alteração na inteligência, a criança se comunica melhor, consegue relatar  acontecimentos passados, adquire uma percepção em relação ao mundo, atribui vida aos objetos. Entretanto, a criança não consegue ter um raciocínio revertível, não tem uma noção de conservação física e não consegue relacionar a ligação do nome do objeto com a escrita, por exemplo, a palavra “boi” é pequena, mas o animal é grande, para a criança a palavra tem que acompanhar o tamanho do objeto, então fica difícil  pensar ao contrário.O terceiro estágio chamado “Operatório Concreto” ocorre  entre sete e onze anos, a criança já é alfabetizada, tem a necessidade de perceber agrupamentos lógicos e também estabelece relações possíveis com hipóteses, como por exemplo, a criança consegue aprender matemática, começa a contar e além de tudo adquiri um pensamento revertível.
Por fim temos o quarto estágio “Operatório Formal” que se inicia dos onze e acaba aos quinze anos. Nessa fase a criança, que agora é considerada pré-adolescente tem uma considerável maturação biológica. Desenvolve uma visão e percepção do mundo, tendo um raciocínio maduro. Esses quatro estágios foram essenciais para a teoria de Piaget, pois através deles que se pode analisar o pensamento da criança, como é seu desenvolvimento e consequentemente no processo de como ela apreende.
Além disso, ao decorrer desses estágios, para Piaget , o desenvolvimento da criança ocorre com uma série de adaptações que são adquiridas por esquemas,os quais se constituem  em  três aspectos: assimilação, acomodação e o equilíbrio, ou seja, ao ter um contato com objeto a criança entra em conflito e procura interpretá-lo, depois ela se estrutura para entender e compreendê-lo  e por fim se equilibra, se “acostuma” com objeto.  
Outros aspectos relevantes nos estudos de Piaget são o Juízo Moral e a afetividade que também  acontecem ao decorrer dos estágios. No Juízo Moral, a criança adquire a moral através do referencial de um adulto, que é alcançado pela afetividade. Quando a criança é pequena, ela age pela coação “medo/amor”, então se ela confia nos pais por causa da afetividade que tem por eles, consequentemente ela vai obedecê-los.
 Para a moral ser construída, é necessário que os pais tenham autoridade diante das decisões, pois em vários momentos ela vai desafiar os pais, até na adolescência, que além disso, o egocentrismo volta, com forte predomínio da opinião do adolescente. E dependendo do que ocorrer  em todo processo desse desenvolvimento moral é que teremos um adulto autônomo ou heterônomo.
Para finalizar, todos os aspectos da teoria Piagetiana podem ser relacionadas com o processo de educação. Entretanto, as fases do processo de desenvolvimento devem ser analisadas em cada criança, pois o tempo de desenvolvimento é individual e pode ocorrer de diversas formas. Piaget influenciou uma revolução teórica no modo como se educar uma criança e fazê-la aprender e se desenvolver.

Referências Bibliográficas:

DOLLE, J.M. Para compreender Jean Piaget. 4ª. Ed. RJ: Zahar, 1983
MOREIRA, M.A. A teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget. In: Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. SP: Editora Moraes, 1995. (p. 49-59).
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 5ª. Ed. RJ: Difel, 2011.
______________________. Da lógica da criança à lógica do adolescente.SP: Pioneira, 1976. (cap.18)
_________. O juízo moral na criança. SP: Summus, 1994. (pp.294-302)
_________. Seis estudos de Psicologia. 25ª. Ed.RJ:  Forense Universitária, 2011.
RAPPAPORT, C.L; FIORI, W.R.; DAVIS, C. A idade pré-escolar. Vol. 3. EPU, 1981. (cap. 2 – Desenvolvimento Cognitivo).

Vídeo: Jean Piaget por Yves de La Taille - Parte 01 de 04 :

http://www.youtube.com/watch?v=8UYz8cTBfgg&feature=results_video&playnext=1&list=PL3B1B6FF99C6356C3


Análise critica da teoria piagetiana

Juliana Salles Madeira
RA: 121063

Epistemologia genética é o nome atribuído à ciência a que se dedica Jean Piaget, a partir de uma formação biológica Piaget se utiliza também da filosofia e da sociologia para estudar a gênese do conhecimento humano, com foco no desenvolvimento da criança e este, ele divide em quatro períodos de acordo com a idade do individuo,sendo estes o sensório-motor, o pré-operacional, o das operações concretas e o das operações formais. Neste ponto o autor é bem especifico quanto ao fato de essas etapas serem flexíveis uma vez que dependem também do meio social no qual a criança esta inserida uma vez que é deste que ela recebe os estímulos, porém, não se aprofunda no estudo das relação entre os dois. 
Tendo como ponto central em sua teoria a adaptação do individuo através da obtenção de novos esquemas por meio do equilíbrio dinâmico entre assimilação e acomodação Piaget mostra como tais esquemas influenciam na percepção do individuo quanto àquilo que o cerca e permite, portanto que haja uma diferenciação entre o “eu” e o exterior, a meu ver é nesse estágio- o do reconhecimento do outro- que o individuo se torna capaz de desenvolver realmente a moral, indispensável para a convivência em sociedade ela é constituída através dos exemplos e do tipo de relação que a criança mantém com aqueles que a cercam, principalmente pais e professores (responsáveis pela educação), parte de sua teoria sobre a moral aborda o respeito e é nesse ponto que vejo sua grande colaboração não só para a educação, mas também para as relações humanas. Piaget defende que o respeito é construído de uma mistura de afetividade e medo e em certa medida até uma horizontalidade na relação entre os indivíduos, pois assim, através da explicação e da conversa que há um real entendimento e não apenas a obediência por obrigação, tal horizontalidade, de modo que o respeito seja mantido, depende do equilíbrio dinâmico entre o amor e o medo, tal equilíbrio nada mais é do que a base do respeito, que também torna possível ouvir e ser ouvido, principal meio pelo qual se da à educação que, segundo Mill, é “tudo aquilo que fazemos por nós mesmos, tudo aquilo que os outros intentam fazer com o fim de aproximar-nos da perfeição de nossa natureza. Em sua mais larga acepção, compreende mesmo os efeitos indiretos produzidos sobre o caráter e sobre as faculdades do homem (grifo meu)”.  (DURKHEIM, 1978) 
Creio ser a definição de educação acima um bom modo de ilustrar, em certa medida, o que compreendo como as implicações das ideias de Piaget para a educação.