A obra de Piaget foi revolucionária dentro do campo da psicologia e da pedagogia ao apresentar o que ele chama de Epistemologia da genética. Seus trabalhos tem como foco principal o estudo da construção da inteligência.
Dentro de seus estudos Piaget se aproximou do estudo do desenvolvimento infantil, exatamente para saber onde se dava o aparecimento e desenvolvimento dessa inteligência, chegando através de seus estudos ao conceito de que o individuo é ser ativo do conhecimento, e que o desenvolvimento da inteligência e consequentemente o processo de aprendizado se dá a partir de como o individuo percebe o meio em que está inserido.
Tal conceito é importantíssimo no enfoque da educacional, pois retira o foco, durante o aprendizado, no professor que transmite a informação, e redireciona esse foco para o aluno que recebe a informação, ou seja, nada adianta um professor ficar passando um número imenso de conteúdo se ele não proporciona para o aluno uma condição real de assimilação do material apresentado.
Ele percebeu que o esquema de desenvolvimento da inteligência se dá basicamente pela reorganização e não pelo acumulo de informação, ou seja, tudo a informação nova absorvida modifica as já existente. A esses processos ele denominou “Axiomas básicos” que são: Assimilação (como o individuo interpreta o meio), Acomodação (quando há a modificação da estrutura mental em função da acumulação de um novo conhecimento) e Adaptação (e o processo de modificação que a assimilação gera, e que culmina na acomodação). Esses três processos podem ainda ser resumidos num conceito maior chamado Equilibração: O individuo está sempre em busca de um equilíbrio, quando ele absorve uma informação nova de desestabiliza o que ele já possuía, seus esquemas mentais se modificam para reequilibrar o conhecimento.
Esse processo é constante, e apresenta um ponto muito importante para a utilização da teoria Piagetiana dentro do ambiente escolar, pois ele demonstra que o desequilíbrio é necessário. O aluno precisa precisar absorver o novo conhecimento, ele precisa ser apresentado a uma situação (que pode ser real ou simplesmente intelectual) na qual ele reconheça a necessidade daquela informação. E é essa necessidade que vai gerar a ação de buscar o conhecimento.
Foi a partir dessa elaboração do Piaget que se baseou o construtivismo. Vale ressaltar que Piaget nunca estabeleceu uma metodologia de aprendizado, ele desenvolveu um estudo. Acredito que esse estudo é uma base solida e plausível para o desenvolvimento de uma metodologia.
Porém o trabalho do Piaget vai mais além de simplesmente apresentar conceitos sobre a aprendizagem, porque ele reconhece, já que o desenvolvimento é realizado através da interação com o meio, que qualquer fator que influencie nessa relação é também importante para tal processo. Como tais fatores são muitos, acredito que ele realmente tenha deixado passar um dos mais importantes, que é o cultural, até mesmo, como já foi abordado na aula, pelo fato de que apesar de ser interacionista, Piaget ainda focada todo o processo no individuo.
Mas ao considerar, por exemplo, em como a afetividade norteia também esse desenvolvimento, ele implica diretamente na relação professor-aluno, pois esse professor, esse educador precisa estar conectado com o universo que cerca essa criança fora dos muros da escola também.
É inegável, como, por exemplo, no filme que foi apresentado em aula (Escritores da liberdade), que principalmente alunos que tem históricos pessoais complicados tendem a achar que aquele conhecimento não pertence a eles, e que não tem utilidade na realidade pessoal daquele aluno. A compreensão desse universo “paralelo” de modo a buscar uma aproximação daquele conhecimento com a realidade desse aluno é um fator importante.
Outro ponto interessante são as fases do desenvolvimento da criança. É um tópico contraditório, pois sendo essa teoria tão baseada no individualismo, como generalizar em que fase casa coisa ocorreria? O que Piaget faz na verdade é instituir as fases, que não podem ser puladas, todas elas acontecem, às vezes precocemente, às vezes tardiamente, mas todas ocorrem. Não foi um equivoco ter dado idade para a ocorrência dessas fases, pois é uma generalização, então essas idades são médias, mas devido a todo o contexto que o próprio Piaget elabora, fica evidente que esse engessamento de o que deve ser aprendido em cada idade deveria ser mais permeável. Como isso seria possível, é uma dúvida que necessita de um aprofundamento maior, não só na teoria do Piaget, como na realidade educacional brasileira como um todo.
Piaget teve uma série de “descobertas” que foram importantíssimas para a transformação e mesmo pra o aprofundamento de questões pedagógicas e psicológicas.
Vanessa Lais Melo Nascimento RA: 093156
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