segunda-feira, 4 de junho de 2012

Vygotsky e Wallon: O social e humanístico



Mateus Fávero Silvestre, R.A.: 094198

     Nas aulas com a professora Heloísa Andréia de Matos Lins tive a oportunidade de me aprofundar nas teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon, encontrar essas teorias aplicadas na vida  pratica dos alunos e da professora, e poder aplica-las em filmes assistidos em sala de aula.
      A ideia do pensamento interacionista é de entender o ser humano como um produto de funções biológicas e psicológicas básicas somadas a influência do meio (sujeito+meio).
      A teoria de Vygotsky pressupõe que o sujeito possui quatro planos genéticos, que são estruturas que vão caracterizar o desenvolvimento do mesmo. Essas estruturas são a Filogênese, Ontogênese, Sociogênese e Microgênese. A filogênese é a estrutura mais abrangente de um dado sujeito, são as características advindas de sua espécie Homo Sapiens, um ser bípede, polegar opositor, etc. A ontogênese é uma estrutura pouco mais específica, que diz respeito a origem ou ancestralidade do sujeito, ou seja, as características biológicas do sujeito, olhos azuis, média estatura, etc. A filogênese é a estrutura social em que o sujeito está, todos conceitos socioculturais que influenciam o sujeito, como por exemplo, matar é um crime, o próprio conceito de crime.
      Essas três estruturas são deterministas, pois são de certa forma, exteriores ao indivíduo, são coisas já estabelecidas, ao contrário da microgênese, que é a estrutura das experiências vividas e a maneira que são assimiladas pelo sujeito.
      No documentário “Estamira”, assistido em sala de aula, tentei fazer algumas relações com as estruturas de Vygotsky. Estamira Gomes de Sousa, protagonista do documentário, se dizia “louca” porém consciente, diferente de sua mãe, que era somente “louca”. Nesse dado, podemos encontrar três estruturas de           Vygotsky, a filogênese, pois esse quadro de “loucura” ou de psicose, é uma possível característica do ser humano; a ontogênese, pois esse quadro já se encontrava em sua estrutura ancestral; e a microgênese, que, diferente de sua mãe, sua “loucura” era consciente, algo específico dela. A quarta estrutura, sociogênese, apresenta-se nas falas de Estamira, e só é possível entende-las dessa forma após conhecer um pouco de sua história.
      Estamira sempre ia contra a religião e ao “Deus” que seu filho mais velho pregava, mas demonstrava conhecimento religioso. Ela tinha uma cultura religiosa que foi abalada por fatos ocorridos com ela, como ter sido abandonada por seu marido e ter sido estuprada mais de uma vez. Essas fatos a levaram a questionar a religião a qual tinha contato, e ver o mundo com uma realidade perversa e injusta. Ter nascido em uma cultura religiosa e viver a realidade social de impunidade e violência formaram o que pudemos ver no filme, o indivíduo Estamira.
      Uma boa frase de Vygotsky poderia simplificar isso, “Através dos outros, nos tornamos nós mesmos.”.
Wallon foi outro pesquisador e pensador da educação,  buscou estreitar a ligação do social com o biológico, e trouxe para a educação um lado mais humanístico e dando valor para a área emocional e afetiva do “sujeito”.
      Participou, junto a um grupo de educadores, da reforma educacional francesa no período pós-segunda guerra mundial. Esse grupo elaborou um projeto de ensino (projeto Langevin-Wallon) que, creio ser, uma das principais contribuições para a educação deles. Esse projeto, como adiante explicarei melhor, trouxe uma visão ainda mais social e “humana” da educação.
      O projeto Langevin-Wallon tem como base três princípios: Justiça; Dignidade igual de todas ocupações; Orientação; Cultura Geral. Eles visão: o direito a todos os indivíduos de um desenvolvimento completo; o valor de mesma intensidade as atividades intelectuais e manuais; e o direito a todos de uma educação geral e especialização posterior.
      Vigotsky e Wallon são muito importantes para a educação não por que suas teorias estejam certas, mas sim por apresentarem modelos diferentes de pensamento sobre a educação e também sobre a formação de um indivíduo. Esses pensamentos nos fazem refletir e nos instigam a pensar, discutir, dialogar, a encontrar nossa visão sobre a educação, e até mesmo pensar a educação como uma ciência, em que a certeza não existe, mas ainda sim fazer nos buscar alguma verdade, mesmo que esta seja sobreposta posteriormente.
Bibliografia:
-Oliveira, M. K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico – São Paulo: Scipione, 1997 – (Pensamento e ação no magistério)
-Vygotsky, L. S. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jefferson Luiz Camargo: revisão técnica José Cipolla Neto. – 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1998
-Almeida, L.R. – Wallon e a Educação. In: Henri Wallon – Psicologia e Educação


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