(Des)construindo a Educação

Um pouco sobre Vygotsky e Wallon

Taila dos Santos Alves RA 118703

A biografia de Lev Vygotsky não é ainda bem conhecida. Nascido em 5 de novembro de 1896, teve como primeira formação o direito, passando pela história e filosofia, sendo que a lingüística, a literatura e a arte também eram de seu interesse (Van Der Veer e Valsiner).

De acordo com as discussões em aula, Vygotsky buscava entender como se constituía a função psicológica superior exclusiva do homem, tendo seus estudos apoiados na dialética de Marx e Espinosa (Sawaia, 2009). Nesse campo a linguagem aparece como manifestação da cultura e como organizadora do pensamento.

Na temática do desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky, assim como Piaget, adota o sujeito atuante no meio, porém em sua concepção a cultura surge como elemento mediador do processo. Estabelece os conceitos de nível de desenvolvimento real (NDR) e potencial (NDP) e da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), cuja abordagem na educação envolveria a visão do desenvolvimento como prospectivo e conseqüente da aprendizagem, sendo que a mediação do professor na ZDP implicaria avanços no aluno que não aconteceriam espontaneamente. Desse modo, a teoria coloca a importância do meio cultural e das relações entre os indivíduos, demonstrando a necessidade do outro no processo de aprendizagem (Oliveira, 2000).

Quanto ao pensamento e a linguagem os estudos com primatas indicaram que esses dois planos tem origens diferentes e a reorganização do pensamento por meio da linguagem, visto no homem, não acontece (Vygotsky, 1998). Quando a reflexão se volta para a fala egocêntrica, Vygotsky dialoga com as ideias dispostas por Piaget e a coloca como permanente na vida adulta sob a forma do pensamento interiorizado que culmina na capacidade de resolver problemas através de sua reorganização (Vygotsky, 1998). Outro ponto importante diz respeito à função de interação social da linguagem e da representação por meio de signos, não só de objetos materiais, como também do conceito de passado, presente e futuro.

Assim como Vygotsky e Piaget, Wallon se volta para o estudo da psicologia, e seus trabalhos apresentam semelhanças com a teoria de ambos. No entanto, Wallon objetiva o estudo da pessoa completa, ou seja, nos planos afetivo, cognitivo e motor. De acordo com as exposições em aula, para Wallon, o desenvolvimento aparece como meio pelo qual é possível a passagem de uma situação de indiferenciação social para a individualização, marcada pela consciência do eu. Esse desenvolvimento, apesar de ser constituído por estágios é conduzido pela condição social.

Nesse contexto, Wallon projetava para a escola a função de instrumento para o desenvolvimento da pessoa completa proporcionando o conhecimento da criança, quanto as suas capacidades e necessidades, e a articulação do ambiente escolar com a sociedade a qual a escola faz parte (Almeida, 2003).

Referências bibliográficas

Van Der Veer, R & Valsiner, J (s.d). Vygotsky – Uma síntese. Loyola.

Sawaia, B.B. Psicologia e desigualdade social: uma reflexão sobre liberdade e transformação social. Psicologia & Sociedade; 21 (3): 364-372, 2009

Oliveira, M.K. (2000). O pensamento de Vygotsky como fonte de reflexão sobre a educação. Implicações pedagógicas do modelo histórico-cultural. Campinas, SP: Cadernos Cedes.

Vygotsky, L.S. Pensamento e linguagem. 3ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

Mahoney, A.A.; Almeida, L.R. (orgs). Henri Wallon: Psicologia e Educação. 3ed. São Paulo: Loyola, 2003.