segunda-feira, 18 de junho de 2012

Atividade Prática "Motivação"


1.     Introdução
            Com o objetivo de observar a motivação em diferentes situações, utilizou-se as teorias de desenvolvimento de Vygotsky (1896 - 1934) e a teoria da autodeterminação (Ryan & Deci, 2000). Essas teorias são focadas na motivação de alunos, porém destacam a função o professor de ensinar conteúdos e também de tornar-se exemplo.
            Vygotsky foi um estudioso que pensava o desenvolvimento de uma forma interacionista, entendendo que o psicológico de uma pessoa não nascia pronto e não era apenas formado pelo meio. Acreditava que existia a interação meio-sujeito, sendo o sujeito um potencial e o meio aquele que vai promover o desenvolvimento. Para isso, formulou, segundo Marta Kohl, quatro entradas de desenvolvimentos que caracterizam o funcionamento psicológico humano. São eles: Filogênese, que é a história da espécie animal (humana no caso) que determina suas capacidades; Ontogênese, que é a história do indivíduo, sua esfera biológica e mais específica; Sociogênese, que é a influência cultural sobre o psicológico do indivíduo; Microgênese, que torna o indivíduo único, é o caminho percorrido pelo individuo.
             As três primeiras entradas tem um caráter determinista, pois tratam de estruturas já estabelecidas, sejam elas biológicas ou culturais. Contudo, a microgênese não se encaixa nesta classificação, sendo um fator diferenciador. Por sua causa, nenhum humano é igual a outro, mesmo sobre mesmas condições biológicas e sociais. A filogênese e a ontogênese são as potencialidades de desenvolvimento, a parte biológica que será desenvolvida pelo meio, este que é a sociogênese. Para Vygotsky o desenvolvimento sucede a aprendizagem e a aprendizagem é possibilitada pelo meio, ou seja, o desenvolvimento ocorre de fora para dentro.
            Esse conceito se aplica na teoria autodeterminista abordada por
Sueli Edi Rufini Guimarães e Evely Boruchovitch (O Estilo Motivacional do Professor e a Motivação Intrínseca dos Estudantes: Uma Perspectiva da Teoria da Autodeterminação), a qual trata sobre dois tipos de motivação, extrínseca e intrínseca. Ambos os tipos dizem respeito a forma em que a sociedade se impõe sobre o indivíduo e a consequência, no indivíduo, dessa imposição.
            A motivação extrínseca se caracteriza por visar alguma consequência, seja ela uma recompensa ou uma punição; é a motivação por fazer alguma coisa para receber o que esta trará. A motivação intrínseca é caracterizada pela pura vontade de realizar algo, pela busca de novidade, desafios, por obter e exercitar a própria capacidade. Esta motivação não é simples e depende de três outros fatores que a sustentam. Estes são a necessidade de autonomia, necessidade de competência e necessidade de pertencer/estabelecer vínculo. Através destes pontos o meio vai atuar.
            Segundo o mesmo autor, a autonomia é a faculdade de governar a si próprio, ter o direito de se reger por suas próprias leis, o entendimento, o “dar valor”, o enxergar utilidade nos fatores externos, tornando-os fonte de informação. A competência é a ação de desenvolver e dominar capacidades e tarefas desafiadoras. Esse fator remete ao indivíduo uma sensação que White (1975) denominou como “sentimento de eficácia”, que é o sentimento de ter capacidade de realização de algo. Por fim, estabelecer vínculo é a faculdade que fica em um plano de fundo também importante, ao passo que transmite segurança ao indivíduo. O homem necessita estar emocionalmente ligado e envolvido com alguém significativo. Qualquer agressão a qualquer um destes fatores significa prejudicar a motivação intrínseca do indivíduo, ou seja, proporcionar a existência dessas faculdades é motivar o indivíduo.
            Neste sentido, entendemos que a teoria de Vygotsky (
1896 - 1934) encaixaria-se nesta ao passo de que colocaria o meio social como uma interferência significativa à motivação intrínseca.
            Segundo este autor (Vygotsky, 1988), “o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento”. Esta citação explicita o conceito de zona de desenvolvimento proximal e também explica a ideia de motivação intrínseca. Tanto para Vygotsky (1896 - 1934) quanto na teoria da autodeterminação (Ryan & Deci, 2000), o educador é de fundamental importância, pois é ele quem irá favorecer o desenvolvimento ao passo que auxiliará o sujeito a realizar as tarefas com ajuda, que depois irão se tornar o desenvolvimento real.
            Sobre este profissional, a teoria da autodeterminação (
Ryan & Deci, 2000) apresenta dois tipos de personalidade de professores, a autoritária e a promotora de autonomia. A primeira se caracteriza pelo uso da motivação extrínseca, tendo caráter mais controlador e infundindo modelos de pensamento, comportamento e sentimento em seus alunos, além de recompensar os que mais se aproximam desse modelo. O segundo caso, promotor de autonomia, tem como característica a nutrição das necessidades psicológicas dos indivíduos, os fatores básicos para a motivação intrínseca; essas necessidades são supridas pela ação do professor de oferecer escolhas, abrir espaço para feedbacks, dar participação em tomadas de decisão e levar os alunos a se identificarem com as metas de aprendizagem.
           
2.     Objetivo

            O objetivo deste trabalho é observar o tema motivação em grupos diferentes que podem existir em ambiente escolar, destacando fatores que aproximam ou distanciam os alunos da finalidade das aulas, que é o aprendizado.

3.     Metodologia

            Este trabalho analisará diferentes grupos em âmbito escolar seguindo o modelo geral de observação e análise das relações estabelecidas no processo ensino-aprendizagem, esta realizada pelos próprios alunos ou professores. De acordo com as especificidades do grupo, esse processo ocorrerá de diferentes formas, como detalhado abaixo:

a)    Grupo esportivo extracurricular
            Composto por 31 meninas de seis a dez anos, o grupo analisado aprende a iniciação à ginástica rítmica em duas turmas diferentes, realizadas de segunda e quarta-feira, após o período de aula, com duração de uma hora. Assim, algumas alunas praticam o esporte nas duas vezes na semana e outras apenas uma, o que nos indica que há diferenças no modo como cada uma das crianças percebe/entende a aula.
            A observação desta turma foi realizada pela própria professora, durante um período de preparação para uma apresentação. Podemos afirmar que, em comparação com uma disciplina do currículo escolar, essa observação compreendeu analisar o período de aprendizagem e fixação de um conteúdo antes de uma prova. O questionamento sobre a percepção dos alunos sobre o processo, ou seja, a análise das relações estabelecidas deu-se a partir de uma conversa com as alunas, de modo a ser informal e coerente com a faixa etária.

b)   Grupo de professores professoras da rede estadual de Piracicaba
            Duas professoras, uma da disciplina de educação física para alunos do sexto até o terceiro ano do ensino médio e uma professora de história para alunos do nono ao terceiro ano do ensino médio. Em ambos os casos, a classe social dos alunos é de baixa renda. Realizou-se uma conversa informal com este grupo, na qual perguntou-se como é o contato com os alunos; a opinião sobre a motivação e sobre a desmotivação dos alunos para aprender; se a professora sente-se motivada a ensinar, ou seja, se há motivação intrínseca; se sentem-se capazes de ensinar e se são confiantes com relação aos desafios de seu trabalho; se sentem-se livres para realizar estratégias de educação para melhorar o desenvolvimento escolar de seus alunos e quais obstáculos encontrados nesta tarefa; se a escola em que leciona é um ambiente que proporciona bons laços afetivos entre professor-professor, professor-aluno, professor-direção e aluno-direção, a fim de destacar o vínculo.


c) Turma do período noturno 

       Realizaram-se visitas à escola estadual Luiz Fantini, localizada em Mogi Guaçu, a qual é uma escola tradicional da cidade com boa capacidade física e que atende aproximadamente 1200 alunos nos três turnos. Foram observadas as aulas de três professores da turma do terceiro ano do Ensino Médio D noturno com objetivo de avaliar o nível das interações professor-aluno, para verificar se essas interações possibilitam ou não um aumento no interesse pelo aluno em aprender, ou seja, se os professores são capazes de motivar os alunos.

d)   Turma de Ensino Médio 
            Composto por alunos de quatro turmas matutinas, cursando o ensino médio em uma escola particular de Campinas, com faixa etária entre 15 e 19 anos. As coletas ocorreram durante o período de aula dos alunos, em diversas matérias, de segunda à sexta. Além do recolhimento dos dados feito por um integrante do grupo, houve conversas informais com os alunos, no período de entre aulas, de maneira a detectar alguns fatores de motivação.

e)    Professores da rede de ensino particular em diferentes disciplinas.
            Foram entrevistados quatro professores de disciplinas diferentes da rede particular da cidade de Campinas – SP (Português, Matemática, Biologia e Física).

4.     Resultados

a)    Grupo esportivo extracurricular
            A análise das aulas de iniciação à Ginástica Rítmica realizadas no período de preparação para a citada apresentação demonstrou, de acordo com a observação da professora, os seguintes aspectos relacionados à motivação.








Tabela 1 – Grupo Esportivo Extracurricular
Fatores que motivam os sujeitos à aprendizagem
Fatores que desmotivam à aprendizagem
Utilização de aparelhos / instrumentos / facilitadores diferentes
Repetição de exercícios
Possibilidade / expectativa de demonstrar o trabalho realizado aos pais/amigos
Relação de desafeto com colegas
Possibilidade / expectativa de visita a um local diferente
Falta de material para trabalho simultâneo com todos
Feedback positivo do professor com relação à prática, mas demonstrando aspectos que precisam ser corrigidos
Exercícios de dificuldades incompatíveis com o nível de habilidade do aluno
Demonstração do professor que está atento à performance dos alunos, inclusive nos momentos que ele não percebe
Exigência de disciplina excessiva
Demonstrar aos colegas habilidades que possui e verificar o que o outro também erra
Não conhecer o nome ou demais características do aluno
Demonstração,  do professor e também dos colegas, de afeto
Demonstração de preferência, por parte do professor, por determinados alunos
Perceber atenção d professor com relação aos assuntos pessoais
Impossibilidade de participação na decisão dos conteúdos
Boa relação com a família do aluno


            Esses dados foram corroborados em uma conversa informal com as alunas, a qual ocorreu na aula seguinte à apresentação. Para facilitar a dinâmica, as alunas foram divididas em três grupos e foi pedido para que enumerassem “coisas que acham legal na aula e que dão vontade de fazer” e “ coisas que acham chato e não dão vontade de fazer”. Depois disso, os grupos disseram aos outros o que citaram e a professora conversou sobre os tópicos levantados.

b)   Grupo de professores professoras da rede estadual de Piracicaba
            Na primeira pergunta as duas professoras disseram que buscam manter contato com os alunos. Uma disse que busca informações como o histórico social, religioso e afetivo, principalmente em casos que chamam mais a atenção (casos de indisciplina); a outra professora disse que conversa com alunos que tem maior afetividade e troca informações com outros professores da escola.
            Na segunda pergunta as professoras dizem que por mais que exista motivação em aprender, existem barreiras que prejudicam e não permitem o aprendizado, o que nos leva para a terceira pergunta. Ambas demonstram uma insatisfação com o modelo de progressão continuada e atribuem a ela uma parcela de culpa da desmotivação tanto de professores quanto de alunos. Outros motivos colocados são a imponência dos professores sobre os alunos, (“deu-se muitos direitos aos alunos, mas eles esqueceram os deveres”), fator social, o aluno frequenta a escola somente para receber auxílio bolsa-escola e dificuldade ensinar quanto o aluno tem muitas distrações tecnológicas.
            A quarta pergunta foi respondida de forma semelhante pelas duas professoras que dizem que não se sentem desmotivadas, porém cansadas, com dificuldades de fazer alguma aula diferenciada, por estarem dando aulas em até três períodos e por não verem o resultado dos seus trabalhos. Umas delas até disse que vinte e cinco ou trinta anos é muito tempo de trabalho para, enfim, o professor se aposentar.
            Essa últimas perguntas foram feitas para saber o quanto das necessidades psicológicas básicas para a motivação intrínseca os professores apresentam. Por se tratar de perguntas mais pessoais, foi deixado claro que elas não precisavam responder se não quisessem.
      A pergunta referente à competência apresentou uma afirmação positiva em ambos os casos, ou seja, as professoras se sentem capacitadas para dar aulas e para enfrentar os novos desafios. A pergunta que se referia a autonomia só foi respondida por uma professora, a qual diz que sente uma certa liberdade de tentar novas técnicas, mas o ambiente, direção da escola e diretoria de ensino tornam tudo mais difícil com a exigência de uma grande burocracia. A pergunta que se referia ao vínculo dentro da escola foi respondida com tentativa de manter uma boa relação com todos, desde alunos, professores e funcionários. A outra respondeu que a relação entre os professores é muito boa e de união e que, em geral, a relação aluno professor também é boa, mas que existem “alunos-problemas”, que atrapalham o desenvolvimento da aula e que “tem a necessidade de experimentar os limites dos professores”.

c) Turma do período noturno 
            A primeira aula observada foi uma aula de inglês, cuja professora era substituta para aquela turma. A aula foi uma bagunça generalizada, a professora tentou conter a turma, mas não conseguiu e a partir de um momento ela desistiu dessa tentativa, e ficou apenas recolhendo um trabalho que ela tinha passado na aula anterior. No fim da aula, conversando com a professora, ela disse que o dia foi ruim para observação. Ela elogiou a turma e disse que as turmas de terceiro ano são melhores para trabalhar, afirmando que os alunos são mais interessados.
            A segunda aula observada foi a aula de Português, essa aula foi um pouco menos bagunçada, mas ainda assim, o barulho atrapalhou a condução da aula pela professora, mas da mesma forma, a aula não foi nada motivadora. As interações entre os alunos e a professoras foram muito poucas.
            A terceira aula foi a de Matemática, aula que o professor exercia o controle da turma, sem que precisasse alterar a voz. O professor introduziu um conceito novo, Progressão Geométrica.  O professor fez poucas interações com a turma durante aula, ele não provou os alunos com o conteúdo, simplesmente usou o quadro e colocou o conteúdo em questão, depois ele sentou na cadeira e logo depois a aula acabou.
            Lógico que não podemos tirar nenhuma conclusão das aulas que os alunos desse terceiro ano recebe, pois tiramos apenas um retrato. Muito se fala da geração de alunos que é muito inquieta, mas observando as aulas, ali sentado, comecei a questionar comigo a capacidade que certos professores tem para manter a ordem de uma turma.
            Nas três aulas observadas, os professores não interagiram com os alunos no sentido de tentar motivá-los. A aula de matemática foi um pouco melhor, mas nada que motivasse um aluno a aprender a disciplina. Muito se fala da geração de alunos que é muito inquieta, que não querem nada, mas esquecemos de questionar o capacidade ou a vontade do professor de controlar essa turma.
              O único fato motivador encontrado na escola, foi o “provão”. Trata-se de uma prova realizada todo bimestre, onde os alunos passam dois dias consecutivos fazendo provas e dessas provas sai um ranking dos alunos de cada turma. Conversando com alguns alunos e professores, foram unânimes em dizer que o “provão” motiva os estudos dos alunos.
c)    Turma de Ensino Médio
            Foram avaliadas uma turma de 1º ano, uma de 2º ano e duas de 3º ano.
            O observado foi tabelado de maneira a mostrar o que era comum entre os três anos e o que era diferente:
Tabela 2 – Turma de Ensino Médio
Fatores de motivação/desmotivação comuns
Fatores de motivação/desmotivação diferentes
Quantidade de conteúdo
Tempo de aula
Utilidade do conteúdo
O pouco tempo para o vestibular
Reconhecimento pelo trabalho (elogios)
O medo da separação
O horário das aulas
O choque (do 1º) ano com o conteúdo
Estudar e não ter retorno (notas ruins)
Saber o curso em que se tem aptidão
Perguntas de prova desconexas
O fim das aulas (para 3º)
Descontrole dos professores
Material didático diferenciado dos demais anos
Relação de desafeto com colegas

Boa infraestrutura escolar

 
            Durante a conversa com os alunos, ficou muito visível a distinção entre os dois primeiros anos do ensino médio e o último. Isso ocorre de maneira tão evidente, que acaba havendo uma inversão de valores. Os 'mais inteligentes' (assim julgados pela sala) são desprezados nos primeiros anos, mas ao chegar ao último ano, por causa do vestibular, são potenciais alvos de propaganda pras escolas e passam a ser bem tratados pelos professores. Com esse movimento de 'enxergar' a minoria, até então oprimida, cria-se uma inversão, onde agora, a minoria é dominante, com o apoio da 'autoridade' e os 'menos inteligentes' lutam para recuperar seu lugar de destaque.
            Há também uma diluição dos grupos ('tribos') seja pelo grande tempo de convívio, ou pela necessidade do sentimento de proteção, pois ao término do ano letivo, há a temida separação.
            Outro fator determinante é a proximidade professor-aluno, que até então, era pouca e nesse último ano, passa a ser bem grande. O nível de intimidade com que chegam os comentários e brincadeiras é apenas mais uma das mudanças.
            Essas são apenas algumas das mudanças que ocorrem abrupta ou lentamente. Mas, o que de fato, isso tudo tem a ver com motivação?
             Podemos separar a estabilidade motivacional dos alunos, em duas etapas: Uma estável (nos anos de ensino fundamental e nos dois primeiros de ensino médio) e outra altamente instável (o 3º ano do EM)?
            Devemos ter mais atenção com a maneira de nos aproximarmos dos alunos de 3º ano?
            O que é certo, é que independentemente do aluno ser 'bom' ou 'mau', o fator psicológico é um grande obstáculo nos concursos que serão prestados. E a motivação, é um grande peso na confiança dos alunos. Tanto na hora do vestibular, quanto no entendimento e interesse de aprender as matérias.

d)   Professores da rede de ensino particular em diferentes disciplinas.
            Em uma conversa informal foram feitas as seguintes perguntas aos professores:
1)     Como ele vê a motivação dos alunos dentro da sua aula?
2)     O que aproxima e o que afasta os alunos?
3)     Há diferença entre gêneros?

            Com relação à primeira pergunta ambos trabalham a questão na qual muitas a motivação está na disciplina em si e não no professor que a ministra. É difícil obter uma turma homogênea na qual todos os alunos se identificam com uma mesma disciplina. Diversos fatores podem influenciar nessa identificação e dentre eles está o gênero, levantado por uma professora de português: “na escola em que trabalho pude perceber que as meninas tem mais interesse na minha matéria do que os meninos, que geralmente preferem matemática”. Além disso, segundo os professores, outro ponto de convergência entre a motivação dos alunos está na diferença de turmas de um mesmo grau. Podemos pensar que, ao longo de todo processo escolar, cada classe constrói a sua história portanto os gostos, jeitos, brincadeiras acabam sendo específicos de uma e não de outra. Isso também se reflete no entendimento e aproveitamento das disciplinas.
Na pergunta 2), percebemos que, todos os entrevistados, apresentavam como algo que aproximava os alunos (motivava-os) a realização de atividades de caráter prático, que fugiam da aula formal em sala na qual o professor fala e os alunos ouvem e entendem (ou não) e promoviam a interação e inter-relação entre prática e teoria. Aqui foi levantado, por um professor de física do ensino médio, a seguinte questão: o que é realmente “aprender” física? Segundo ele, “é possível se dar a melhor aula de física onde os alunos estão super motivados  com atividades práticas, efeitos bonitos que podem ( e muitas vezes são) utilizados comercialmente na TV, mas isso não pode ser dito que voce esta se aprofundando na física mas sim entendendo conceitos”. Física, não só para ele mas pela proposta da escola seria aprofundar o tema. O conceito básico seria fácil de aprender e a partir do momento que ocorre a sistematização os alunos passam a “rejeitar” a  matéria.
           
5.     Discussão

            Ao analisar as coletas, fica evidente que a motivação em sala de aula é permeada fortemente pela própria cultura escolar. A divisão em grupos de alunos (chamadas no ambiente de “panelinhas”), o bullying com os considerados 'mais inteligentes' por parte dos 'menos inteligentes' (maioria x minoria), o sistema de provas, a desvalorização dos professores e os demais fatores arraigados nessa cultura, apenas reproduzem uma 'micro sociedade', que reflete os valores que imperam por fora dos muros da escola. Em outras palavras, a escola, é apenas uma (re)criação um pouco menos violenta do que é a sociedade atual, com todos os valores à mostra, moldando os cidadãos que reafirmarão o sistema após sua formação, exatamente como ele é.
   A escola que foi imaginada há não muito tempo, como uma blindagem segura aos que ali permanecem, nada mais é do que uma máscara, que é 'pintada' visivelmente por dois grandes grupos: os políticos (donos das escolas públicas) e os empresários (donos das particulares); enquanto os professores não tomarem consciência disso, não há como melhorar a instituição escolar, seja ela pensada nos moldes interacionistas, aprioristas, ou qualquer outro modelo vigente. O mediador, professor, é quem guia os alunos através dos conhecimentos e é dele grande parte do dever de tentar fazer os alunos entenderem como, sendo eles os 'consumidores' da escola, podem exigir do 'fornecedor' um melhor aprendizado. É por isso, que a melhor formação e principalmente a motivação dos professores é tão importante. Por conseguinte, a motivação dos alunos, não fica em segundo plano, sendo fundamental para as melhorias escolares.
Assim, entendemos na construção deste trabalho que os professores devem tanto induzir a motivação intrínseca de seus alunos para que estes tenham maior desenvolvimento, quanto estimular extrinsecamente esta situação. Além disso, devem sentir-se motivados para realizar esta tarefa. Suas necessidades psicológicas devem estar saciadas e assim poderão exercer muito melhor seus ofícios.

6.     Referências
-Guimarães, Sueli Edi Rufini; Boruchovitch, Evely. O Estilo Motivacionalhttp://www.scielo.br/pdf/prc/v17n2/22466.pdf> Acesso em: 25 maio 2012.

-Neves, Edna Rosa Correia; Boruchovitch, Evely. A Motivação de Alunos no Contexto da Progressão Continuada. Brasilia: UNB, Vol. 20 n. 1. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/%0D/ptp/v20n1/a10v20n1.pdf> Acesso em: 25 maio 2012 
-Oliveira, Marta Kohl de. Algumas Contribuições da Psicologia Cognitiva. Disponível em: http://alfabetizarvirtualtextos.files.wordpress.com/2012/05/martakohl.pdf> Acesso em: 25 maio 2012           
-Oliveira, M. K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-      histórico – São Paulo: Scipione, 1997 – (Pensamento e ação no magistério)

-Vygotsky, L. S. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jefferson Luiz Camargo: revisão técnica José Cipolla Neto. – 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1998

-Marta Kohl de Oliveira - Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento.Um processo sócio-histórico.2012. Proveniente da World Wide Web: <http://www.youtube.com/watch?v=pZFu_ygccOo >

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