Partindo do principio de que o individuo é influenciado pelo meio, e este é influenciado pelo individuo, através de um mediador, que é tão importante nesse processo quanto à relação direta, individuo - meio, Lev Vygotsky deu inicio a uma nova teoria da psicologia conhecida como social, ou sócio- histórica.
Nessa nova maneira de ver o desenvolvimento do individuo, Vygotsky parte da premissa que a cultura em que o sujeito está imerso, influência sua interação com o meio e consequentemente o desenvolvimento das suas funções psicológicas superiores (que seriam os mecanismos psicológicos mais sofisticados da natureza humana como controle consciente do comportamento, atenção e lembrança voluntária, memorização ativa, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, capacidade de planejamento, entre outros.)
O desenvolvimento dessas funções psicológicas superiores se daria, segundo Vygostsky, de fora pra dentro, pois num primeiro momentos percebemos e absorvemos o mundo através do coletivo, do outro, de um pensamento generalizante que categoriza e significa as coisas de uma forma “universal”, para depois nos apropriamos desses conceitos e significados e então modificá-los, tornando-os individuais.
Para tal processo o homem utiliza mediações simbólicas, que são divididas basicamente em duas: o instrumento e o signo. O instrumento serve para o individuo regular objetos, para interferir na natureza, e tem a ver com a inteligência pratica do individuo, a natureza em si é uma força mediadora, pois exige um trabalho do individuo para modificá-la. O signo serve para o individuo regular o psiquismo das pessoas, ele significa as ações realizadas pelo homem, e tem como grande força mediadora a cultura.
É através dos signos que construímos a cultura. Quando por exemplo construímos um instrumento como um martelo com paus e pedras, nos estamos resignificando esses objetos, dando uma nova função a eles, e assim modificando nossa cultura e percepção do mundo. Essa resignificação fica “guardada” e pode ser transmitida para outros indivíduos. Essa é uma das características humanas que nos diferenciam dos animais. Por não possuírem essa resignificação, quando eles descobrem um novo uso de um objeto, esse é momentâneo, pois passado o uso, o objeto volta ter somente sua função natural.
Dentro desse sistema de signos que resignificam o mundo, Vygotsky dá uma importância vital a linguagem, pois é através dela é que é transmitida toda a cultura. Segundo autor, pensamento e linguagem possuem origens diferentes. O individuo já pensa antes de adquirir a linguagem, mas essa fase conhecida como pensamento pré-verbal, predomina a inteligência prática. A partir do momento que a linguagem começa a se desenvolver, ela se atrela tanto ao pensamento, que passamos a pensar utilizando a linguagem.
É através da linguagem que conseguimos dois conceitos que são básicos para o desenvolvimentos das funções psicológica superiores: a generalização e a abstração. A capacidade de pensar numa coisa que não “existe” ou que ainda não aconteceu nos permite organizar e controlar nossas ações. Desse modo a linguagem é uma ferramenta social imprescindível, e é exatamente por isso que Vygotsky diz que a linguagem é social, mesmo quando é egocêntrica, pois é através da linguagem que organizamos nosso pensamento e podemos transmiti-lo a outros indivíduos.
Através dessa conceituação da importância da linguagem fica evidente o quanto a interação entre os alunos dentro da sala de aula é de grande importância uma vez que é a linguagem e consequentemente a fala, é uma ferramenta importantíssima para a organização do pensamento.
Vygotsky explica como o desenvolvimento se dá através dessa interação e mediação utilizando o conceito de zona de desenvolvimento proximal. Existem duas fases do desnvolvimento: a zona de desenvolvimento real, que representa aquele conhecimento consolidado pelo individual, que o permiti resolver problemas sozinhos, e a zona de conhecimento potencial, que representa aquele que o individuo não é capaz de resolver sozinho, mas pode através da mediação de alguém, trazendo novos conhecimentos a tona, que poderão ser absorvidos pelo individuo, e consolidados. A ZDP, seria esse espaço entre o conhecimento já adquirido e aquele que pode ser adquirido através da mediação do outro.
Durante toda sua teoria, Vygotsky deixa evidente a importância do outro no desenvolvimento do individuo, o que a meu ver evidencia o quanto a vivência escolar é importante, mesmo que o método de aprendizagem se dê de forma mais individualizada, pois é a partir da troca de experiências e opiniões que o ser humana mais absorve o conhecimento. Simplesmente “adquirir” o conhecimento sem ter a oportunidade de externalizar o mesmo, não traz uma real consolidação do mesmo, pois não temos a oportunidade de colocar aquele pensamento em prática e de reorganiza-lo e resignifica-lo a nossa maneira, para então o transmitir.
É possível perceber como as teorias apresentadas na disciplina se coplementam e evoluem. Vygotsky apresenta um salto com relação a teoria piagetiana ao colocar a importância do outro no desenvolvimento. Já Wallon dá um salto com relação a Vygotsky ao incluir como fundamentos do desenvolvimento a afetividade e o movimento.
Wallon tem tema principal de sua teoria, quatro pilares que norteiam o desenvolvimento: emoção, movimento, inteligência e personalidade, e segundo ele, a escola deve privilegiar igualmente todos esses pilares. Seria a integração da teoria piagetiano, pois Wallon diz que o fator organica é o principio do pensamento do individuo, com a teoria de Vygotsky, pois apesar disso, ele afirma também que é através da interação com o ambiente que esse pensamento é desenvolvido.
Para ele o desenvolvimento se dá através de mecanismos parecidos com os de piaget, porém a criança alterna entre estados de "afetividade" e "inteligência", e esses mecanismo não se dariam de forma tão clara como em Piaget.
Como bailarina e estudando de artes, me interessei muito pela teoria do Wallon, pois ele não reduz o desenvolvimnto à cognição, mas pra ele afetividade e motricidade são aspectos tão importantes para o desenvolvimento completo do ser.
Essa visão é muito interessante uma vez que vemos que a sociedade reduz nosso valor cada vez mais ao que somos capazes intelectualmente e nossos corpos se reduzem a meros meios de transporte da nossa cabeça, que só tem valor quando falamos da nossa saúde, ou da nossa sexualidade. Nós deixamos de perceber o mundo pelo nosso corpo como um todo.
Vanessa Lais Melo Nascimento RA:093156
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