Análise crítica da perspectiva histórico-cultural

Análise crítica da perspectiva histórico-cultural e as implicações educacionais – Vygotsky e Wallon

                                                        Angela Cristina Gomes RA: 119105

Ao estudar Lev Vygotsky e Henri Wallon, nota-se que os dois baseavam suas teorias na perspectiva histórico-cultural. Vygotsky nasceu em 1896 na Rússia e se formou em Direito, História e Filosofia, tornando-se um conceituado estudioso interessado em psicologia e educação. Wallon nasceu em 1879 na França e se formou em Filosofia e, mais tarde, tendo interesse em psicologia se formou também em medicina, tornando-se um grande estudioso que devido ao seu interesse pela educação, propôs um projeto de reforma do ensino francês chamado de Langevin-Wallon.

Vygotsky pode ser considerado como o pai da educação especial, de acordo com Luria, Vygotsky “concentrou sua atenção nas habilidades que tais crianças possuíam, habilidades estas que poderiam formar a base para o desenvolvimento de suas capacidades integrais” (Luria, pág. 8). Nesse sentido, pode-se destacar também o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que é definido como “a capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou de companheiros mais capazes” (Oliveira, pág. 59). Então, para Vygotsky aquilo que uma criança conseguia fazer com a ajuda de alguém, futuramente ela conseguirá efetuar sozinha. Logo, é nessa zona que a educação deve atuar.

Nesse aspecto, encontra-se a importância da diferença em uma sala de aula, pois se dentro de uma sala de aula todos os alunos são iguais e possuem o mesmo nível de desenvolvimento cognitivo, não haverá diferença entre eles. Todavia, se há diferença entre os alunos, um poderá ajudar o outro. Porém, ainda hoje, muitas escolas não aderiram a esse pensamento, pois mantém os alunos nas salas de aula de forma homogenia. Além disso, há também a importância da inclusão social dentro de uma sala de aula. Esses são aspectos importantes da teoria de Vygotsky que podem ser aplicados na educação.

Além disso, a questão central para Vygotsky estava em entender como o homem se diferencia de todos os outros animais. Sendo assim, Vygotsky concluiu que é necessária a mediação da cultura, pois é através da cultura que o ser humano consegue manifestar a linguagem. Nesse aspecto, Vygotsky se diferencia de Piaget, pois para Piaget o pensamento surge antes da linguagem. No entanto, para Vygotsky, o pensamento sofre mudanças significativas com o surgimento da linguagem, ou seja, a linguagem ajuda a reordenar o pensamento. Nesse sentido, Oliveira afirma que segundo Vygotsky “a fala torna-se intelectual, com função simbólica, generalizante, e o pensamento torna-se verbal, mediado por significados dados pela linguagem” (Oliveira, pág. 47). Além disso, no momento em que ocorre a transição da linguagem com o pensamento “o biológico transforma-se no sócio-histórico” (Oliveira, pág. 45). Nesse sentido, há também o conceito de significado, pois quando o pensamento é atravessado pela linguagem, o ser humano torna-se capaz de dar significado as coisas, “o significado é um componente essencial da palavra e é, ao mesmo tempo, um ato do pensamento” (Oliveira, pág. 48).

Assim, nota-se a importância que Vygotsky proporciona ao outro, pois a linguagem surgiu com a necessidade de nos comunicarmos. Logo, é possível destacar a importância do professor como mediador entre o aluno e o conhecimento. É tarefa do professor  incentivar o aluno a se comunicar, pois a nossa cultura escolar não é uma cultura que incentiva os alunos a falarem. Por causa disso, existem muitos alunos que possuem extrema dificuldade em falar e público. Além disso, a manifestação linguística da criança é importante para que o professor veja de que forma ele precisará atuar com sua mediação na aprendizagem.

Em relação à importância do outro, pode-se citar também a teoria Wallon, nota-se em sua teoria o grande destaque que ele retrata ao professor. De acordo com Almeida, Wallon afirmava que “a escola é um meio em que podem se constituir grupos de tendências variadas, que podem estar em harmonia ou em oposição com os objetivos educacionais” (Almeida, pág. 79). Além disso, afirma também que na escola o aluno tem o contato com a cultura e, segundo Wallon, a interação da criança com a cultura é essencial para o desenvolvimento.   Assim, pode-se afirmar que a escola precisa proporcionar às crianças um meio propicio para a aprendizagem e contato com a cultura. É possível notar também na teoria de Wallon, a importância da afetividade para a aprendizagem, pois o professor precisa estar atendo para atender as exigências de afeto dos alunos. Nesse sentido, Almeida cita como exemplo o fato das crianças pequenas necessitarem de proximidade para aprender, já o adolescente necessita de um respeito as suas ideias. 

Por fim, Vygotsky e Wallon possuem em suas teorias ideias que podem trazer implicações educacionais positivas, pois ambos destacam a importância da interação com o outro. Além disso, a importância de uma sala de aula heterogenia, auxiliando assim na inclusão social. 

Referências

LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. SP: Ícone, 2001.

OLIVEIRA, M.K. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico. SP: Scipione, 1997.  

ALMEIDA, L.R. Henry Wallon. Psicologia e Educação. Ed. Loyola, 2000.

DANTAS, P. Para Conhecer Wallon: Uma Psicologia Dialética. Ed. Brasiliense, S. Paulo, 1983.

NEWMAN, F.; HOLZMAN, L. Lev Vygotsky: cientista revolucionário. SP: Loyola, 2002.