quarta-feira, 30 de maio de 2012

Análise Crítica – Teoria Sócio-histórica


                                                                         Camila Vieira Soler – RA 101773

Nascido em 5 de novembro de 1896, em Orsha, Rússia, Lev Vygotski morreu em 1934 e, mesmo em pouco tempo de vida, teve ampla formação em diversas áreas de conhecimento, que contribuíram para suas teorias de Desenvolvimento do homem por processos psicológicos, transformando-o de um ser biológico em um ser social e cultural. (OLIVEIRA, M. K.)
Para Vygotsky, o desenvolvimento e o aprendizado estão sempre associados, o desenvolvimento sem a aprendizagem corresponde à maturação biológica, mas para que ocorra desenvolvimento cognitivo é necessário que ocorra aprendizagem a partir das relações do indivíduo com o meio físico, social e cultural. (OLIVEIRA, M. K.)
Vygotsky apresenta os conceitos de “nível de desenvolvimento  real”, em que a criança é capaz de realizar tarefas por si mesma, e “nível de desenvolvimento potencial”, em que a criança é capaz de realizar tarefas com auxílio do outro. Entre esses dois níveis de desenvolvimento Vygotsky conceitua a “zona de desenvolvimento proximal”, que seria a capacidade da criança ao ser estimulada. Para ele, se a criança fosse capaz de realizar tarefas com auxílio, ela possuiria pontencial de realizá-las sozinha, e seu desenvolvimento deveria ser mediado nessa direção. (OLIVEIRA, M. K.)
A mediação pelo outro, seja ele a família, a escola ou qualquer outro individuo capaz de acompanhar e estimular o aprendizado, é essencial nesse período, deve-se buscar o desenvolvimento da criança, fazer com que seu aprendizado já consolidado seja base para que ela busque atingir seu potencial. Na escola, destaca-se a importância de salas heterogêneas, para que as próprias crianças ajam como mediadoras das outras e, a partir das relações entre elas, ocorra desenvolvimento. Além do indivíduo como mediador, também são importantes os objetos de mediação, objetos concretos, brinquedos, instrumentos e símbolos. Os homens são capazes de utilizar os objetos e modifica-los na solução de problemas e, através da criatividade, propulsionar o desenvolvimento através da criatividade. De acordo com o autor, a imitação também não deve ser ignorada, mas valorizada como um fator importante na aprendizagem. Para ele, diferentemente dos animais, os seres humanos internalizam não copiam apenas, mas apresentam sua própria versão, após a internalização do significado das ações e símbolos. (OLIVEIRA, M. K.)
O pensamento e a linguagem também são abordados por Vygotsky de forma genial. Para ele não há progresso na fala e no pensamento sem que estes estejam associados. Apesar da origem de ambos serem independente, só ocorre o desenvolvimento quando há o encontro da linguagem emocional com o pensamento não-verbal, tornando então o pensamento racional e a linguagem verbal. Neste ponto, há uma associação tão grande das partes, que a fala é internalizada e se torna uma ferramenta do pensamento, que passa a ser coordenado e capaz de ser externalizado. (VYGOTSKY, L. S.)

 Henri Wallon nasceu em 1879, na França, em uma família de ativistas. Tornou-se médico e, tentando entender o comportamento dos soldados e crianças em zona de guerra, se especializou em psicologia.
Wallon estudou o comportamento humano, sua consciência e suas emoções. Sua teoria apresenta estágios de desenvolvimento, mas diferentemente de Piaget, ele considera o papel do outro, da sociedade e a mediação, fundamentais para o desenvolmento, assim como Vygotsky. (DANTAS, P. S.)
Em seu livro “L’enfant turbulent: etude sur retards et les anomalies du dévelopment moteur et mental”, Wallon enumera cinco estágios do desenvolvimento da criança, flexíveis de acordo com o ambiente social e cultural em que a criança se encontra. O primeiro estágio “Impulsivo-emocional” ocorre por volta de 1 ano e tem predomínio da afetividade, a linguagem (choro) é marcantemente emocional; o segundo é o “Sensório-Motor e Projetivo”, por volta de 2 a 3 anos, em que predomina a cognição, a criança tende a explorar o ambiente e tentar entender o que a cerca; o terceiro estágio, “Personalismo” ocorre dos 3 aos 6 anos e é evidente a formação da personalidade, há predomínio da emoção, a criança cria consciência de si e procura de afirmar; o quarto estágio, “Categorial” vai dos 6 anos ao início da adolescência, em que predomina novamente a inteligência, e na afetividade  há aparente ‘calmaria’; o quinto estágio, a “Adolescência” evidencia  um retorno ao Personalismo, há predomínio da afetividade e o individuo se depara com conflitos morais, busca pelo seu individualismo e negação das regras pré-impostas, além de tentar se estabelecer lutando por questões sociais.
As teorias de Vygotsky e Wallon são de importância fundamental no ambiente escolar, pois, como coloca o primeiro, é essencial que um mediador se coloque diante da criança auxiliando em seu caminho através da zona de desenvolvimento proximal e, como o segundo deixa claro, é necessário acompanhar os estágios de desenvolvimento da criança para identificar qual a melhor maneira de ser feita a mediação para que ela atinja seu potencial de desenvolvimento.

Referências Bibliográficas:

Dantas, P. S. – Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. Ed. Brasiliense, São Paulo, 1983.

Oliveira, M. K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico – São Paulo: Scipione, 1997 – (Pensamento e ação no magistério)

Vygotsky, L. S. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jefferson Luiz Camargo: revisão técnica José Cipolla Neto. – 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1998 – (Psicologia e Pedagogia). Cap. 4 As raízes genéticas do pensamento e da linguagem.

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