Camila Vieira Soler – RA 101773
Nascido
em 5 de novembro de 1896, em Orsha, Rússia, Lev Vygotski morreu em 1934 e,
mesmo em pouco tempo de vida, teve ampla formação em diversas áreas de
conhecimento, que contribuíram para suas teorias de Desenvolvimento do homem
por processos psicológicos, transformando-o de um ser biológico em um ser
social e cultural. (OLIVEIRA, M. K.)
Para
Vygotsky, o desenvolvimento e o aprendizado estão sempre associados, o
desenvolvimento sem a aprendizagem corresponde à maturação biológica, mas para
que ocorra desenvolvimento cognitivo é necessário que ocorra aprendizagem a partir
das relações do indivíduo com o meio físico, social e cultural. (OLIVEIRA, M.
K.)
Vygotsky
apresenta os conceitos de “nível de desenvolvimento real”, em que a
criança é capaz de realizar tarefas por si mesma, e “nível de desenvolvimento
potencial”, em que a criança é capaz de realizar tarefas com auxílio do outro.
Entre esses dois níveis de desenvolvimento Vygotsky conceitua a “zona de
desenvolvimento proximal”, que seria a capacidade da criança ao ser estimulada.
Para ele, se a criança fosse capaz de realizar tarefas com auxílio, ela
possuiria pontencial de realizá-las sozinha, e seu desenvolvimento deveria ser
mediado nessa direção. (OLIVEIRA, M. K.)
A
mediação pelo outro, seja ele a família, a escola ou qualquer outro individuo
capaz de acompanhar e estimular o aprendizado, é essencial nesse período,
deve-se buscar o desenvolvimento da criança, fazer com que seu aprendizado já
consolidado seja base para que ela busque atingir seu potencial. Na escola,
destaca-se a importância de salas heterogêneas, para que as próprias crianças
ajam como mediadoras das outras e, a partir das relações entre elas, ocorra
desenvolvimento. Além do indivíduo como mediador, também são importantes os
objetos de mediação, objetos concretos, brinquedos, instrumentos e símbolos. Os
homens são capazes de utilizar os objetos e modifica-los na solução de
problemas e, através da criatividade, propulsionar o desenvolvimento através da
criatividade. De acordo com o autor, a imitação também não deve ser ignorada,
mas valorizada como um fator importante na aprendizagem. Para ele,
diferentemente dos animais, os seres humanos internalizam não copiam apenas,
mas apresentam sua própria versão, após a internalização do significado das
ações e símbolos. (OLIVEIRA, M. K.)
O
pensamento e a linguagem também são abordados por Vygotsky de forma genial.
Para ele não há progresso na fala e no pensamento sem que estes estejam
associados. Apesar da origem de ambos serem independente, só ocorre o
desenvolvimento quando há o encontro da linguagem emocional com o pensamento
não-verbal, tornando então o pensamento racional e a linguagem verbal. Neste
ponto, há uma associação tão grande das partes, que a fala é internalizada e se
torna uma ferramenta do pensamento, que passa a ser coordenado e capaz de ser
externalizado. (VYGOTSKY, L. S.)
Henri
Wallon nasceu em 1879, na França, em uma família de ativistas. Tornou-se médico
e, tentando entender o comportamento dos soldados e crianças em zona de guerra,
se especializou em psicologia.
Wallon
estudou o comportamento humano, sua consciência e suas emoções. Sua teoria
apresenta estágios de desenvolvimento, mas diferentemente de Piaget, ele
considera o papel do outro, da sociedade e a mediação, fundamentais para o
desenvolmento, assim como Vygotsky. (DANTAS, P. S.)
Em
seu livro “L’enfant turbulent: etude sur retards et les anomalies du
dévelopment moteur et mental”, Wallon enumera cinco estágios do desenvolvimento
da criança, flexíveis de acordo com o ambiente social e cultural em que a
criança se encontra. O primeiro estágio “Impulsivo-emocional” ocorre por
volta de 1 ano e tem predomínio da afetividade, a linguagem (choro) é
marcantemente emocional; o segundo é o “Sensório-Motor e Projetivo”, por volta
de 2 a 3 anos, em que predomina a cognição, a criança tende a explorar o
ambiente e tentar entender o que a cerca; o terceiro estágio, “Personalismo”
ocorre dos 3 aos 6 anos e é evidente a formação da personalidade, há predomínio
da emoção, a criança cria consciência de si e procura de afirmar; o quarto
estágio, “Categorial” vai dos 6 anos ao início da adolescência, em que predomina
novamente a inteligência, e na afetividade há aparente ‘calmaria’; o quinto estágio, a “Adolescência”
evidencia um retorno ao Personalismo, há
predomínio da afetividade e o individuo se depara com conflitos morais, busca
pelo seu individualismo e negação das regras pré-impostas, além de tentar se
estabelecer lutando por questões sociais.
As
teorias de Vygotsky e Wallon são de importância fundamental no ambiente
escolar, pois, como coloca o primeiro, é essencial que um mediador se coloque
diante da criança auxiliando em seu caminho através da zona de desenvolvimento
proximal e, como o segundo deixa claro, é necessário acompanhar os estágios de
desenvolvimento da criança para identificar qual a melhor maneira de ser feita
a mediação para que ela atinja seu potencial de desenvolvimento.
Referências Bibliográficas:
Dantas,
P. S. – Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. Ed. Brasiliense,
São Paulo, 1983.
Oliveira, M. K. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico – São Paulo: Scipione, 1997 – (Pensamento e ação no magistério)
Vygotsky,
L. S. Pensamento e Linguagem. Tradução: Jefferson Luiz Camargo:
revisão técnica José Cipolla Neto. – 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 1998 –
(Psicologia e Pedagogia). Cap. 4 As raízes genéticas do pensamento e da
linguagem.
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