sexta-feira, 25 de maio de 2012

Análise Crítica sobre a Teoria Sócio-histórica


O papel da escola na teoria sócio-histórica
Daniela Bento Soares - 081065
            “É indiscutível a importância da escola no processo de desenvolvimento de uma criança”. 
            Ao ser lida em qualquer contexto, a frase acima poderia pertencer a qualquer pessoa, de qualquer época. Entretanto, quando questionado o porquê, o autor deste enunciado poderia recorrer à teoria de Vygostky, que tanto justifica o papel da mediação. 
Quando afirma que as pessoas marginalizadas, as “diferentes” da chamada normalidade, são as mais importantes em um processo de ensino-aprendizagem, Vygotsky traz a tona a discussão sobre como o convívio com diversas pessoas é positivo para o amadurecimento integral de uma criança. Podemos pensar que esta fala é bastante recorrente para destacarmos o papel da escola na vida de uma criança, onde esta poderá conviver com outras de idades, situações familiares e mesmo econômicas e até capacidades físicas diferentes. É importante portanto que as escolas cultuem a diversidade em seus atendimentos, o que não é sempre uma regra ao analisarmos o quadro discente. Cada vez mais a inclusão de crianças deficientes e a padronização do nível de ensino deveriam ser mais recorrentes, de forma a possibilitar a mistura de diversas características em um mesmo ambiente e de provocar a reflexão de que o “diferente” não é limitado, mas sim necessita de recursos específicos, como qualquer outra pessoa.
            Outro ponto que podemos destacar da fala de Vygostky é o pressuposto de que não há o aprendizado sem a cultura. Sem a mediação exercida por este aspecto, não há a possibilidade de constituição do sujeito, que mesmo de forma inconsciente, não possui voz própria sem ser eco da pluralidade. Em uma época como a nossa em que o trabalho é cada vez mais valorizado pela sociedade e a educação dos filhos fica muitas vezes delegada a escola, o papel desta e do professor na transmissão da cultura é ainda maior. Assim como cada vez mais a mídia (podemos incluir aqui os desenhos animados, filmes, programas de televisão, acesso a diferentes conteúdos na internet) se preocupa menos em contribuir para a formação das crianças, de maior valor passa a ser a mediação correta de toda a instituição escolar, que contribua de maneira positiva. A “resposta” não está apenas no indivíduo e nem no meio isolado; a interação entre ambos é que propulsiona o desenvolvimento e a mediação do professor é que irá favorecer este processo. A diferença entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento proximal está na apropriação do conhecimento exercida pelo indivíduo com ajuda e este é justamente o papel que o professor exerce em uma escola, por exemplo, auxiliar na relação dialética entre o que é interno e externo.
            O foco dado pelo estudioso à linguagem também é um ponto a mais para a escola. Ao passo que esta é a condição em que o ser humano torna-se humano para Vygotsky, a linguagem que altera a qualidade do pensamento do sujeito é fundamental para o desenvolvimento. Embora seja adquirida em todos os lugares, é na escola que haverá aprendizado da linguagem escrita, consolidação do pensamento de maneira permanente, que pode ser arquivada para o futuro ou mesmo para difundir para outras pessoas a sua ideia. Pode-se chamar a atenção aqui para o diário, da pessoa que o gosta de fazê-lo: é a materialização de suas reflexões e que, tal como a fala, assim que exposta para fora do sujeito, contribui para sua compreensão interna. Da mesma maneira como Vygostky afirma que a fala egocêntrica é principalmente social, assim seria o que é escrito, pois constitui a transmissão do conhecimento construído.
            A criança sob a visão desta teoria consegue aprender segundo a imitação, mas apenas porque possui linguagem. Ela realiza relações entre as tarefas e constrói novos elementos; internaliza através da cultura e modifica por meio da criatividade. A boa aprendizagem, para Vygosty, é aquela que precede o desenvolvimento, que auxilia o indivíduo a construir conhecimento e a resignificar elementos, como discutido em sala de aula. Em todos estes aspectos importantes podemos observar claramente o exercício do trabalho do professor e consequentemente da escola.
            Obviamente, outros membros da sociedade exercem o papel de “professor” na vida de uma criança: a família, outras crianças, os funcionários da escola, as pessoas que frequentam e trabalham em ambientes frequentados pela criança. Desta forma, todos encaixam-se aqui, neste texto.
            Considerando ainda a visão walloniana sobre a ciclogênese, mais ainda faz-se necessária a escola. No plano do movimento, será também neste espaço que a criança poderá explorar suas capacidades, principalmente dado porque na escola existem locais que propiciam o movimento que em casa não observamos, como por exemplo pátios livres que permitem o deslocamento em diferentes velocidades, quadras onde são possíveis arremessos, saltos, giros, escadas ou rampas, para exploração do trepar e do arrastar. É também na escola que a motricidade fina será trabalhada com afinco, com o cortar, o colar, o desenhar e o escrever, como uma amostra. Mais ainda, será com o contato físico da criança com seus pares que ela entenderá o funcionamento de seu próprio corpo e poderá explorar suas capacidades de movimento. Com relação as emoções e a inteligência, também fica claro como poderão desenvolver-se potencialmente no ambiente que estamos discutindo.
            Como discutido em sala de aula na disciplina EL511 - J, pode-se considerar a ideia da imitação e da diferenciação muito clara neste ambiente, já que a consciência de si ocorre através da máxima possibilidade de socialização, onde a criança vai “incorporar” a relação com o outro e portanto se emancipar e ao mesmo tempo se diferenciar deste outro, criando sua identidade.
Parafraseando a Professora Heloísa, podemos dizer que o papel da escola é fundamental, pois a criança não é resultado linear do meio, já que vivem em diferentes esferas sociais que muitas vezes são conflitantes, mas a escola precisa e pode ser uma educação alternativa à família e a criança poderá lidar com essas diferenças, de forma a crescer interiormente. A escola oferece à criança diferentes lugares que ela pode ocupar e isso é bom para a construção do indivíduo. A escola deve fazer sentido para cada um, atingindo a todos com uma mesma significância.

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